
No imenso território das imagens, onde pinturas, máscaras e esculturas se entrelaçam como fios de uma narrativa global, o renomado antropólogo francês Philippe Descola conduz uma exploração magistral em seu livro “As Formas do Visível: Uma Antropologia da Figuração”. Com uma meticulosa análise de 160 obras de diferentes culturas, Descola mergulha nas águas profundas da figuração, revelando como as imagens refletem e moldam as diversas maneiras de compreender o mundo.
A jornada pelas formas do visível
No coração deste monumental livro de 768 páginas, Descola estabelece as bases teóricas para uma antropologia da figuração. Ao examinar pinturas, máscaras, esculturas e desenhos de culturas globais, ele desvenda as distintas concepções da realidade transmitidas por meio da figuração. Cada imagem, seja ela uma máscara yup’ik do Alasca ou uma pintura aborígene em casca de árvore, revela um esquema figurativo único, identificável por seus elementos formais e poder expressivo.
O Papel Fundamental das Imagens
Descola argumenta que as imagens são mais do que representações visuais; são portais para compreender as complexidades culturais que moldam nossa percepção do mundo. Em sua análise, ele destaca a importância das imagens como meio de expressão e compreensão cultural, estabelecendo uma conexão íntima entre cultura e representação visual.
A figuração além da imaginação individual
Contrariando a visão de que a figuração é apenas fruto da imaginação individual, Descola demonstra que ela é moldada pela maneira como uma cultura específica compreende e interage com o mundo. Cada cultura, imersa em uma das quatro regiões do arquipélago ontológico – animismo, naturalismo, totemismo ou analogismo -, cria um caminho visual único em meio às dobras do mundo.
Perfil do autor Philippe Descola: Navegando pelas fronteiras da antropologia
Nascido em Paris em 1949, Philippe Descola é um dos principais antropólogos de sua geração. Sua formação em filosofia pela École Normale Supérieure de Saint-Cloud e doutorado em antropologia na École Pratique des Hautes Études, sob a orientação de Claude Lévi-Strauss, marcam o início de uma carreira excepcional. Desde 1987, lecionou na École des Hautes Études en Sciences Sociales e, em 2000, foi nomeado para uma cátedra de antropologia no Collège de France. Recebeu a medalha de ouro do Centre National de la Recherche Scientifique em 2012. Suas pesquisas exploram os modos de socialização da natureza, a formação das noções de “natureza” e “cultura” e as diferentes ontologias derivadas desses conceitos. Autor de diversas obras, como “La Nature domestique” e “Par-delà nature et culture”, Descola continua a desbravar as fronteiras da antropologia.
Esta jornada pelas formas do visível, guiada por Philippe Descola, promete desvendar os segredos por trás das imagens que moldam nossas percepções e compreensões culturais, oferecendo uma perspectiva única sobre a antropologia da figuração.
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