
Reportagem da Jão Pedro Pitombo, publicada em 12 de novembro de 2023, no Jornal Folha de S.Paulo, relata uma das viagens de Manoel Isidório de Santana Júnior, o Pastor Sargento Isidório, deputado federal pelo Avante da Bahia, em voo habitual entre Salvador e Brasília. Ele, homem negro, vestindo camisa social e gravata, ergue uma Bíblia e recita orações em voz alta. Apesar da aparência excêntrica com uniforme militar e réplica de botijão de gás, sua vida política é repleta de contradições e dramas pessoais.
Isidório, técnico em enfermagem e policial militar desde 1984, teve sua vida transformada em 2001 quando participou de um motim durante o governo César Borges. Preso e torturado psicologicamente, essa experiência o impulsionou para a política. Ele se elegeu deputado estadual em 2002 pelo PT, destacando-se também como líder de uma comunidade terapêutica para dependentes químicos.
A Fundação Doutor Jesus, dirigida por Isidório, tornou-se objeto de investigação do Ministério Público após denúncias de internos sobre castigos. Isidório, no entanto, nega irregularidades. Sua trajetória política inclui passagens por diferentes partidos, desde o PT até o Avante, onde se tornou o deputado mais votado da Bahia em 2018.
A atuação política de Isidório envolveu apoio a Lula e, mais recentemente, uma postura conservadora, criticando relações homoafetivas. Atualmente investigado pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de violência política de gênero e homotransfobia, ele minimiza suas declarações polêmicas. Em 2021, enfrentou processo movido por Daniela Mercury após chamá-la de “escrava de Satanás”.
Além dos desafios políticos, Isidório vivenciou uma tragédia pessoal em 2021, com a morte afogada de seu filho João Isidório, deputado estadual. Essa perda, somada a uma diminuição expressiva de votos em 2022, abalou o político, que atribui a queda à sua escolha de apoiar Lula, atraindo desinformação bolsonarista entre os eleitores evangélicos.
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