Prefeitura de Salvador quer fechar o único camping de toda a região

Vista panorâmica da sede Prefeitura Municipal de Salvador.
Prefeitura de Salvador quer fechar o único camping de toda a região.

Ao comemorar aniversário, hoje (29/03/2007), a cidade do Salvador, uma das principais cidades turísticas do país, está prestes a perder seu único Camping, numa política de exclusão social da prefeitura, que parece não ter interesse num turista que não beneficia a rede de hotéis, embora consuma na cidade todos os demais serviços, como alimentação, cultura, lazer, transporte e outros, além de contribuir para a divulgação do nosso estado no Brasil e exterior.

Ao longo dos últimos meses a prefeitura, através da Secretaria de Serviços Públicos, vem adotando medidas para a desativação do Camping Ecológico de Itapoan, localizado em Stella Maris, onde centenas de turistas-campistas se hospedam anualmente, seja em barracas, trailers ou motorhome. Estudantes, pesquisadores, ambientalistas, pequenos empresários e autônomos formam a clientela do Camping, ao lado de pessoas de alto poder aquisitivo que vêm à Salvador em motor-home luxuosos, procedentes principalmente de países como Alemanha, Suíça, Argentina e Canadá, além de estados do sul do Brasil.

Funcionando há cerca de 40 anos, o Camping Ecológico de Itapoã pertencia ao Camping Clube do Brasil, que o perdeu para a prefeitura em ação judicial por falta de pagamento de impostos. Na gestão Lídice da Mata foi bem cuidado, com a construção do muro e outras benfeitorias. Já o ex-prefeito Antonio Imbassahy demitiu os funcionários e tornou sua administração clandestina dentro da própria Entursa, que cuidava mas não assumia.

SOS Camping

Para evitar o fechamento, em fins de 2004 campistas se uniram e criaram a Associação dos Campistas de Salvador (ACS), que reformou o camping, contratou funcionários para limpeza, administração e segurança, arcando até hoje com todas as despesas mensais de salários, materiais e equipamentos, que são altas. A prefeitura contribuía apenas com o pagamento da energia elétrica, tendo como contrapartida um equipamento turístico de qualidade para oferecer à turistas do mundo todo.

Entretanto, pressionada por interesses de empresas privadas que têm interesse na área por sua localização privilegiada em frente ao mar, a prefeitura do Salvador deixou de pagar a conta de luz do camping no final de 2006, buscando assim inviabilizar a permanência e freqüência das pessoas e criar condições para o fechamento.

Como justificativa, alega que o Camping possui moradores, expondo total desconhecimento sobre as regras que regulam o campismo hoje em todo o país, onde os campings sobrevivem justamente devido aos que ali permanecem nos períodos de baixa estação. Na verdade, tanto a Entursa (órgão municipal de turismo) como a Bahiatursa (órgão estadual de turismo) não possuem técnicos, assessores nem dirigentes capacitados em campismo. Conforme segredou uma assessora do órgão estadual, “aqui a gente nem sabe o que é isso”.

Assim como a Mata Atlântica, que está sendo destruída antes de ser conhecida, o campismo em Salvador está prestes a desaparecer antes que os técnicos da área do Turismo o descubram. Vale lembrar que também os cursos de Turismo ministrados no Estado ignoram essa modalidade turística, dado a falta de pesquisa ou trabalhos técnico-científicos que mostrem sua importância e relevância social. A verdade é que na Bahia o campista é tratado como um turista de segunda ou terceira categoria, sem respeito à sua opção de maior contato com a natureza, à solidariedade e visão diferenciada, pois Campismo é uma filosofia de vida – não falta de dinheiro ou de conhecimento.

*Por Regina Testa.


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