A irreversibilidade do permissivismo

Nunca, em qualquer época, acho eu, no sentido ‘macro’, existiu tanto permissivismo por parte do Estado e da sociedade como um todo, quanto o que estamos testemunhando atualmente. Nossos comportamentos não são mais os mesmos. As nossas crianças, os nossos jovens, e nós adultos, já não nos comportamos como outrora. No sentido ‘micro’, a própria família já não mantém o comportamento de tempos passados. É correto que precisamos mudar, avançar, inovar, progredir.

Entretanto, esperava-se que tal avanço fosse, não só econômico e tecnológico, mas, também, social. Esperava-se que o homem, ao progredir, e por viver em sociedade, fosse capaz de partilhar com os seus pares todas as benesses alcançadas. Não é o que vemos. Muito pelo contrário. Estamos vivendo numa época em que a arrogância e a ganância estão generalizadas, onde os homens se atropelam; se confrontam; e se destroem. Estamos vivendo numa época de permissividade intensa com relação às contravenções, sejam elas no seio da família ou de toda a sociedade. Na família se permite toda a sorte de comportamento dos pais para com os filhos, e destes para com os pais. Os educadores já não ousam educar como antigamente. Não podem sequer reclamar pequenos deslizes dos seus alunos, sob pena de serem processados por pais permissivistas.

Ouvi dizer que já não se permite sequer filas nas escolas (na hora do lanche, na entrada da sala de aula, ou em qualquer tipo de recreação), local onde as crianças são educadas para respeitar os direitos dos outros, e saber cobrar respeito na hora dos seus direitos. Foram-se os tempos em que os pais ensinavam aos seus filhos o que é ter respeito pelas outras pessoas (afora as exceções – evidentemente). Na sociedade, por conta do Estado, e pela própria desestruturação familiar, assistimos a todos os tipos de permissividade, como aos jogos de azar; o tráfico e uso de drogas; o uso de armas de fogo; e mais outras infinidades de práticas que vão de encontro aos bons costumes, e terminam por invadir os direitos dos cidadãos.

Assim, diante de tamanha permissividade, a sociedade encontra-se refém daquilo que deveria ser proibido e que foi e é permitido, advindo à irreversibilidade, donde, resta apenas ao Estado, forçosamente, em alguns casos (jogo do bicho; uso de drogas; uso de armas; bingos; descaminho ou contrabando de mercadorias importadas e outras tantas contravenções), legalizá-los, regulamentando-os, tirando-os da informalidade disfarçada, já que a metade, ou mais, do Povo deste País já são dependentes daquilo que lhes permitiram. Caso contrário, talvez, escapemos à guerra.


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