Na América Latina, violência preocupa mais do que pobreza, diz consultor da ONU

Rio de Janeiro – O problema da violência já preocupa mais a população da América Latina do que temas como a pobreza e o desemprego. A afirmação é do ex-secretário de Segurança Pública de Bogotá e um dos principais responsáveis pela redução da violência na Colômbia Hugo Acero que participou ontem (26/04/2008) de um seminário no Rio de Janeiro. Entre os países latino-americanos, Acero afirma que se preocupa, de maneira especial, com a situação da Venezuela onde a violência vem “em um crescente desde a decisão do presidente Hugo Chávez de armar os cidadãos defensores da revolução”.

“A partir dessa decisão os confrontos entre facções diversas vem crescendo, como também vem crescendo o narcotráfico no país. A Venezuela é o país onde a violência vem crescendo mais rapidamente entre todos os outros do continente”, afirmou.

Os dados divulgados pelo ex-secretário de segurança de Bogotá, um sociólogo de 46 anos que hoje é consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), indicam que Caracas já é a terceira cidade mais violenta das Américas com uma taxa de homicídio de 87 mortes por grupos de 100 mil habitantes.

Os dados – compilados pelo Pnud Bogotá sobre a violência nas principais cidades das Américas – indicam que existem outras duas cidades onde a taxa de homicídios fica acima de 90 por grupo de 100 mil habitantes: Cidade da Guatemala e San Salvador, onde a proporção é de, respectivamente, 99 e 90 homicídios por grupo de 100 mil habitantes.

Em seguida vem a cidade de Recife (PE), onde a taxa de homicídio chega a 67 por grupo de 100 mil. No Rio de Janeiro a taxa é de 49 homicídios por grupo de 100 mil habitantes.

Os dados foram divulgados por Acero em seminário na Universidade Cândido Mendes, no centro do Rio. Durante o evento, ele discutiu o problema da violência com lideranças da AfroReggae – organização não-governamental (ONG) que desenvolve trabalhos sociais em favelas do Rio voltados para a redução da criminalidade e da violência e também para a retirada de jovens do tráfico.

Para a coordenadora de Desenvolvimento Social da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Marlova Noleto, a experiência na área de segurança pública de Bogotá – que reduziu os números da criminalidade local – pode ajudar na implementação de políticas no Brasil. “Primeiro porque foi realizada e desenhada em territórios conflagrados, em zonas de muito conflito, como é o caso das favelas cariocas. É uma experiência que promove uma reação forte da polícia – reabilitada e trabalhada para lidar com o cidadão também sob a perspectiva do direito”, afirmou.

De acordo com a Unesco, a ação da polícia é fundamental, mas, sozinha, não resolve o problema da criminalidade e da violência. “É preciso que haja um conjunto de políticas sociais nas favelas, medidas como as que propõem o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania do Ministério da Justiça, ou como as que o governador Sérgio Cabral vem tomando com seus programas sociais, que, combinadas com a ação da polícia, pode contribuir para a redução da violência”, afirmou.


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