A violência contra a mulher e a criança tem me impressionado de modo muito especial nos últimos tempos. Houve meses em que muito raramente não se via a notícia da morte de uma mulher por seu companheiro, marido, namorado, o que fosse. Ou violência decorrente de alguma briga ocasionada por alguma divergência, no mais das vezes trivial, ou, então, em conseqüência daquilo que o homem considerasse traição – e nesse caso às vezes bastava a simples desconfiança. Estou me referindo a assassinatos e não a tantos outros tipos de violência contra mulheres, sobre o que falei no último artigo aqui em A Tarde.
Nos últimos meses, tenho me indignado com a violência contra crianças. E aqui de modo particular as violências sexuais. O jornal A Tarde (08/07/2008).
estampava título: Acusado de estuprar a filha tentou se matar. Um lavrador teria estuprado a filha de 13 anos. Era o terceiro caso de violência sexual contra crianças em Guanambi. Em Salvador, nos últimos cinco anos, foram registrados mais de três mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes.
Sei que o problema não é de hoje. Felizmente, nos dias atuais, essas violências, contra a mulher e contra as crianças e adolescentes, são tornadas visíveis pelos meios de comunicação. E é importante que se tornem cada vez mais de domínio e preocupação públicos. Não se trata, vou insistir nessa idéia, de uma questão atinente apenas ao Estado. A sociedade deve se mobilizar, entrar no jogo para enfrentá-la. Diria tratar-se, para além de seus aspectos jurídico-legais, de uma questão cultural, no sentido mais amplo da palavra.
Os homens, de modo muito particular, foram educados para serem os senhores de suas mulheres – talvez hoje menos do que ontem, mas ainda perdura fortemente a visão patriarcal, machista, dominadora, que pretende submeter a mulher, a criança e o adolescente. Por tudo isso, por acreditar na importância da participação social, fiquei feliz com o lançamento da cartilha Chega de Abuso!, no dia 9 deste mês, resultado de dois anos de trabalho de uma equipe de sociólogos e antropólogos do Núcleo de Estudos em Ciências Sociais e Saúde da Universidade Federal da Bahia, que contou com a parceria do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves Roussan.
A cartilha preferencialmente, penso, e na apresentação isso é recomendado, deve provocar a leitura coletiva, reflexões conjuntas de mães, jovens, associações de bairros, sindicatos, ongs, nas variadas formas de organização popular. Assim, essa é a esperança, iremos construindo novas concepções de mundo, onde a mulher, a criança e adolescentes sejam respeitados em sua dignidade, em seus direitos, em seus desejos.
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