A idade de Ouro de Salvador | Por Juarez Duarte Bomfim

Em Salvador, Bairro Pelourinho conserva parte da história do Brasil Colônia.
Em Salvador, Bairro Pelourinho conserva parte da história do Brasil Colônia.

O período histórico compreendido entre 1650 e 1763 é considerado como a “idade de ouro” de Salvador, uma era de esplendor religioso e riqueza urbana, capitaneada pelo apogeu da economia açucareira, com a construção dos “magníficos engenhos do Recôncavo” e o bom preço do açúcar brasileiro no mercado europeu.

O setor de exportação de açúcar foi lucrativo para vários agentes econômicos: senhores de engenho; agentes envolvidos na comercialização, financiamento, expedição e comércio de escravos; e importadores de manufaturas e alimentos estrangeiros.

Todavia, são os proprietários de engenhos de açúcar aqueles que formam a classe dominante na Bahia. Sua riqueza e seu poder se baseiam no regime das grandes propriedades, plantadas de cana de açúcar em vastos campos desbravados na floresta primitiva, na úmida zona litorânea nordestina.

Esse é um dos períodos mais importantes para a cidade de Salvador, na medida em que nessa época foram implantados os principais edifícios do conjunto arquitetônico e urbanístico de caráter monumental, principalmente na parte central da cidade.

A imponência e monumentalidade deste conjunto arquitetônico barroco colonial levou a UNESCO a reconhecer o Centro Histórico de Salvador como Patrimônio Cultural da Humanidade, no ano de 1985.

Segundo Pedro Vasconcelos, o Estado, do ponto de vista militar, e a Igreja, com a implantação das principais edificações religiosas de Salvador, foram os agentes dominantes do período. As construções dos conventos neste período vão ocupar grandes espaços em torno da cidade e ampliar a sua extensão, tendo em vista sua localização periférica. Esses estabelecimentos religiosos foram acompanhados, nesse movimento, em direção à periferia, pelas fortificações, agora implantadas através de um sistema de fortes isolados.

Os Beneditinos haviam dado início à construção do seu atual mosteiro, em 1648. O Convento dos Carmelitas descalços da Reforma de Santa Teresa começou a ser construído em 1665, no bairro do Sodré. No Terreiro de Jesus, a igreja dos Jesuítas (atual Catedral Basílica) foi construída entre 1657 e 1672. Elevada à condição de Arcebispado em 1676, o Palácio Arquiepiscopal foi iniciado em 1707; a Igreja da Irmandade de São Pedro dos Clérigos teve sua construção autorizada em 1708.

Na área hoje conhecida como Pelourinho, o imponente Solar do Ferrão foi concluído, entre 1690 e 1701, pelo Coronel José S. Maciel de Sá Barreto. A Igreja de São Miguel foi concluída em 1732.

Jóias da arquitetura barroca baiana, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco foi construída entre 1702 e 1703, e a atual igreja de São Francisco – a Igreja de Ouro – entre 1708 e 1720, voltada para o poente. O novo convento de São Francisco corresponde a uma verdadeira fortaleza, no limite leste da cidade, contando com 41 janelas na sua parte de trás.

Destaca-se também, devido a sua importância futura como local de peregrinação e devoção dos baianos, o início da construção da capela do Senhor do Bonfim em 1745, na península itapagipana, pelo Capitão de Mar e Guerra Teodózio Rodrigues de Faria, traficante de escravos e proprietário de navio negreiro.

*Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).


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