Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!

Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Alguém ainda lembra, ou melhor, conseguiu olvidar da “caravana da alegria” promovida pelo governador do Ceará, Cid Gomes, que, quiçá molestado pelo calor do verão nordestino ou não adepto da folia momesca, resolveu fazer esbanjador turismo com recursos do erário público?

Dito mandatário, que o povo elegeu, no carnaval deste ano de 2008 fretou um jatinho pela bagatela de R$ 388 mil e levou sete pessoas na sua comitiva, a passear por dez dias pelos países europeus (Espanha, Inglaterra, Escócia, Irlanda e Alemanha) se hospedando em hotéis de alto padrão.

O que mais escandalizou a República foi tal “homem público” se fazer acompanhar de mulher e sogra, além de dois assessores e suas digníssimas esposas. Tudo pago pela viúva, isto é, por nós, o público, o povo.

As opiniões se dividem quanto à opção de levar a sogra em recreio de férias: alguns admiram a iniciativa de zeloso genro enquanto outros consideram o supra-sumo do mau gosto. Porém, unanimemente o que todos concordam é que a suspeitíssima viagem em si já é condenável, ainda mais custeando de maneira ilegal e imoral o gozo de férias da parentela.

Desgraçadamente nem todos assim avaliam, e sou obrigado a desdizer o que foi dito no parágrafo acima, pois obviamente não deu em nada o processo aberto contra tal indício de malversação de recursos públicos, pois o TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Ceará decidiu arquivar o processo referente ao “vôo da alegria”.

O relatório arquivando o caso foi apresentado pelo auditor Edilberto Pontes, agora no mês de novembro. No texto, o auditor conclui que não houve improbidade administrativa, pois o filho do presidente Lula fez o mesmo, ao dar carona a 14 amigos em avião da FAB de São Paulo a Brasília no retorno de uma viagem oficial, em 2004. Se amigo que não é parente pode viajar de graça – na argumentação oportunista do relator – por que sogra não poderia?

O caso também está sob investigação do Ministério Público Estadual. Há luz no fim do túnel?

O bardo baiano Caetano Veloso, aquele que sempre quis muito, certa vez bradou: luxo para todos! Só podemos dizer: apoiado! Porém, como fazer?

Daí que recordo da verve satírica do saudoso cronista carioca Stanislaw Ponte Preta, que clamava: ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!

Repetindo: restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos.


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