Por que existe desigualdade social?

Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)
Baiano de Salvador, Juarez Duarte Bomfim é sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Esta é uma das questões sociológicas fundamentais: por que existe desigualdade social? Que nos remete a uma outra, tão importante quanto: por que existe violência social?

A sociologia, na sua origem, renuncia a procurar os fins últimos e a responder aos últimos por quês. A noção de causa é substituída pela noção de lei. Daí que a sociologia clássica contenta-se em descrever como os fatos se passam e em descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns nos outros.

Faço essas premissas devido a quando nesta coluna trato de questões como violência e segregação social, alguns dos meus dois ou três leitores apressadamente perguntam:

– Qual a solução?

Ai… quem me dera que eu tivesse a solução… Que tal multiplicar o valor do “bolsa família”? Mas… resolveria?

O pensador alemão Karl Marx criou uma teoria da exploração social para explicar o porquê da desigualdade; o filósofo francês Rousseau refletiu sobre “A Origem da Desigualdade entre os Homens”; outros pensadores através da história buscaram a significativa resposta. Jesus, o rei do amor, sentenciou: pobres sempre existirão entre vós.

Já se vão dois mil anos que o Mestre dos mestres disse isso e tal axioma continua válido, tanto no riquíssimo império capitalista americano, quanto na pobre pobre pobre comunista ilha de Cuba.

Bem, assim como Augusto Comte (o pai da Sociologia), renuncio a procurar os fins últimos e a responder aos últimos por quês. Todavia, contentando-me em descrever como os fatos se passam e em descobrir as leis segundo as quais os fenômenos se encadeiam, enuncio a exasperadora tese: a violência social brasileira se ampliará. O “bicho está pegando”.

E por que a violência se agudizará? A resposta a esta preocupante pergunta é simples: enquanto a sociedade brasileira continuar tão desigual, salve-se quem puder.

Daí que o receituário para a solução ou redução tolerável dos níveis da violência brasileira é: crescimento econômico ininterrupto pra gerar emprego e renda; combate eficaz à corrupção do aparelho de justiça e polícia; correta política de combate ao narcotráfico; políticas de inclusão social; estruturação de um sistema educacional eficiente; geração de oportunidades aos jovens pobres etc etc etc.

Existem outros que oferecem soluções mais rápidas, como a de um “humanitário” secretário de segurança pública que dá a receita: “que tombem os do lado de lá”…

Esta é uma declaração de guerra. Declaração oficial da realmente existente guerra civil brasileira. E numa guerra civil tombam os do “lado de lá” e os do “lado de cá” também, mesmo o cidadão não sabendo precisar quem é quem, pois a segurança pública brasileira é constantemente denunciada à ONU por violação de direitos humanos e as milhares de mortes trazem frequentemente visíveis sinais de execução.

Voltando a epistemologia comteana, após esta descrição sucinta dos fatos, tristemente somos obrigados a admitir: como não é certo nada do prescrito acima acontecer (crescimento econômico ininterrupto; políticas de inclusão social; estruturação de um sistema educacional eficiente; geração de oportunidades aos jovens favelados…), as causas da violência brasileira continuarão postas, e a tendência – infelizmente – é da violência crescer.

Triste realidade social esta nossa.


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