A mídia mente sobre a Venezuela | Por Oldack Miranda

Para marcar a passagem do Dia do Jornalista (07/04), em Salvador, o professor doutor Albino Rubim, atualmente presidente do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Universidade Federal da Bahia, proferiu palestra sobre “Mídia e Poder”, para os jornalistas que trabalham na Assessoria Geral de Comunicação Social – AGECOM, do governo Jaques Wagner.

Eles desmistificou a idéia segundo a qual o jornalismo “faz a cabeça” da sociedade. Na verdade, há muitos outros fatores nesse processo. Mas, a mídia tem poder e atua como ator político. Uma faceta deste poder é o silêncio sobre temas que não interessam aos barões, como o debate sobre a democratização da mídia ou o absurdo que se pratica contra as rádios comunitárias. Apesar de dezenas e centenas de eventos, quase nada se registra na mídia.

Outro poder da mídia é a capacidade de agendar o debate público. De repente, a bobagem dos crimes de sonegação da Daslu, rotineiros no comércio, ganham ares de escândalo nacional e substituem nas manchetes os insistentes abusos no uso de verbas públicas pelo Congresso Nacional.

Um exemplo de deformação midiática é a quase unanimidade da mídia brasileira contra o governo de Hugo Chávez, da Venezuela. O noticiário é uma fraude. Até jornalistas razoavelmente bem informados caem nessa histeria antichavista, exceção para as revistas CartaCapital e Caros Amigos.

Em fevereiro, Hugo Chávez completou 10 anos como presidente da Venezuela, eleito e reeleito pelo voto popular, com arrasadora vitória eleitoral em dezembro de 1998, 58% dos votos. E com aprovação em 1999 do plebiscito, com 70% dos votos., que convocou uma Assembléia Nacional Constituinte. A Nova Constituição ampliou a participação decisória do povo, assegurou maior transparência governamental e preservou a propriedade privada.

Ainda assim, para a mídia brasileira é o “ditador” Chávez que governa a Venezuela.

Muitos dos institutos aprovados pela Nova Constituição assemelham-se bastante com a Constituição Cidadã Brasileira de 1988, como a valorização do Ministério Público, Controladoria-Geral da República e Defensoria do Povo. A Nova Constituição decretou a equivalência eleitoral entre militares e civis, o reconhecimento dos direitos das comunidades indígenas em relação à justiça, cultura, língua e território; a confirmação docontrole estatal sobre as reservas de petróleo, proteção de produtores contra a competição estrangeira predatória; punição da evsão fiscal com prisão, redução da jornada de trabalho de 48 horas para 44 horas, garantia de indenizações aos trabalhadores, garantia de saúde, educação e aposentadoria a toda a população.

A Nova Constituição venezuelana matou o mal pela raiz e extinguiu o Senado, adotando uma Assembléia Nacional Unicameral e uma Câmara Constitucional para interpretar a Constituição Federal. Nisso, está há anos luz à frente do Brasil.

O que a mídia brasileira silencia sobre a Venezuela?

Não fala do programa Barrio Adentro, em que médicos cubanos prestam consultas diárias e ficam de prontidão 24 horas por dia nas regiões mais pobres, beneficiando 18,3 milhões de habitantes.

Não fala do programa Mercal, feiras populares que visam a garantir a segurança alimentar, com mais de 2o produtos da cesta básica a preços subsidiados, criando mais de 16 mil estabelecimentos e beneficiando 16 milhões de pessoas.

Não fala do excelente plano de educação organizado em três frentes: A Misión Robinson, que já alfabetizou 3,5 milhões de pessoas entre 2003 e 2007; a Misión Ribas, que estimula o ingresso no segundo grau, beneficiando 2,2 milhões de estudantes; a Misión Sucre, que criou a Universidade Bolivariana e incorporou 500 mil estudantes ao ensino superior. Sem falar na obtenção do Certificado da Unesco segundo o qual a Venezuela é considerada território livre do analfabetismo.

A mídia brasileira profetiza que a Venezuela vai entrar em crise com a baixa no preço do petróleo. Será?

Nos tempos do petróleo caro, Hugo Chávez preparou a economia da Venezuela. Criou fundos da ordem de US$ 20 bilhões para obras de infraestrutura, comunicações e criação de um banco de desenvolvimento tipo BNDES.

Estatizou empresas de energia elétrica, siderurgia e bancos. Praticou superávits primários de 3,75% do PIB, fortaleceu as reservas em torno de US$ 40 bilhões; reduziu as dívidas externa e interna. Tem, portanto, reservas suficientes para ampliar a base produtiva condições de resistir aos impactos da crise financeira mundial.

A democracia venezuelana é um exemplo para o mundo. Você vê isso na TV?


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.