A rota das Cachoeiras de de Corupá | Por Luiz Carlos Amorim

Fiz, finalmente, a rota das cachoeiras de Corupá, nordeste de Santa Catarina, no final de abril. Apesar do pouco volume de água, em razão da estiagem na região, a beleza que transborda os olhos e a alma da gente é incomensurável. Eu já tinha ido até a terceira cachoeira, quando a rota era mais íngreme, mas agora pude visitar quase todas. A primeira cachoeira, que podemos ver sem começar a subida da trilha é a dos Suspiros, belíssima. A segunda, Cachoeira da Banheira, por ter uma verdadeira piscina na sua base, também é bem grande e extasia o visitante. A terceira é a Três Patamares, quedas menores em seqüência, nem por isso menos belas. Pousada do Café é a quarta cachoeira e tem esse nome porque é onde os turistas param pela primeira vez para fazer um lanche e admirar a beleza das águas. A quinta, Cachoeira do Repouso, tem esse nome porque conta com uma grande lage de pedra ao seu lado, onde se pode parar para descansar e aproveitar o espetáculo que se descortina diante dos olhos. Cachoeira do Remanso é a sexta delas, com pouca altura, suas águas caindo tranqüilas formando outra piscina. As sétima e oitava cachoeiras são duas cachoeiras que se encontram e por isso chamam-se Cachoeiras da Confluência.

A nona cachoeira é a da Corredeira e tem esse nome porque são quedas em degraus, menores. Talvez porque a água não escorra pela rocha, descendo em queda livre e caindo sobre a base ou porque o terreno é acidentado e possa derrubar o visitante, a décima é a Cachoeira do Tombo. Cachoeira do Palmito é a décima primeira e o nome lhe foi dado devido a um palmiteiro que se curvava sobre a grande queda d´água. A décima segunda é a Cachoeira Surpresa, pois aparece de repente, logo após uma curva no caminho, revelando um dos mais belos espetáculos da rota. Não consegui ver a décima terceira, a Cachoeira do Boqueirão,  porque estava fechada. E então andamos, cansados, mais um bom tanto de caminho para que então se descortinasse frente aos nossos olhos a décima quarta, a Cachoeira do Salto Grande, com 125 metros de queda livre. Valeu o cansaço da subida, pois a beleza que se vê é alguma coisa fantástica, que excede qualquer expectativa.

Infelizmente, não dá para falar apenas das belezas das quedas d´água, quatorze delas, uma mais bela do que a outra. O parque Rota das Cachoeiras é uma reserva natural, mas pertence ao Grupo Battistela, é particular. Há quatro anos, começaram a cobrar ingresso para aqueles que quisessem visitar o lugar, fosse para fazer a trilha das cachoeiras ou apenas visitar a primeira, que fica na base da rota e não é preciso subir para vê-la. Perguntei ao rapaz que ficava na entrada do parque para conferir os ingressos, o que era feito com o dinheiro arrecadado. Ele me disse que todo o dinheiro é usado na manutenção do parque. Eu perguntei a ele em que manutenção. Porque a impressão que se tem, antes de começar a subir a trilha, é que aquilo está abandonado. O restaurante que havia lá em cima, na base da trilha, não existe mais. Nem a janelinha onde vendiam água mineral e refrigerantes. Os quiosques que poderiam estar oferecendo lembranças da região, camisetas, artesanato, comidas típicas, sei lá mais o que, estavam todos fechados, e não é de agora. A área de churrasqueiras, com mesas e bancos, está lá, em pé, mas o madeirame está apodrecendo. Os banheiros, pelo menos os dos homens, estavam em obras. Mas mesmo as pias e mictórios, que deveriam estar funcionando, estavam todos entupidos, transbordando. Soube que o banheiro das mulheres estava parecido.

Quiosques que existiam pelo mato, com infra-estrutura para se fazer um churrasco, estão no chão, o material empilhado apodrecendo no tempo.

A trilha, até a quarta cachoeira está uma beleza, tem degraus para a subida e até corrimão para maior segurança dos turistas. Mas depois da quarta cachoeira a segurança já não é mais tanta e o visitante cansado tem que tomar cuidado para não escorregar, senão cai pela ribanceira. A 13ª cachoeira está fechada há semanas e não há indicação do que aconteceu ou quando vai ser reaberta.

Então que manutenção é essa? Antes de cobrarem ingresso o parque era mais cuidado.

É uma pena que não se explore todo o potencial turístico da região. Para se ter uma ideia, naquele domingo em que estivemos lá havia centenas de pessoas pagando ingresso. A cinco reais cada uma, o valor arrecadado só naquela oportunidade daria para fazer muita melhoria no lugar.

A natureza tem queda por Corupá. Mas parece que algumas pessoas não estão percebendo isso e já faz muito tempo.

 


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.