A relação do Estado com a cultura no Brasil foi debatida ontem (11/02/2010) pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante a segunda palestra do Ciclo de Palestras com ministros, organizada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Juca Ferreira chamou a atenção para o fato de o Brasil ainda não compreender a importância do desenvolvimento econômico gerado pela cultura.
“Todas as famílias políticas que se movimentam no espaço da democracia brasileira e os economistas tinham a obrigação de compreender essa importância porque numericamente, em termos absolutos, já é uma economia relevante no mundo inteiro”, afirma Ferreira.
Do ponto de vista do ministro, a cultura se desdobra em três dimensões. A primeira é uma dimensão simbólica, sendo essencial da condição humana. A segunda como um direito. E a última, que ganhou destaque na exposição do ministro, como uma economia estratégica para o desenvolvimento do país.
Para Ferreira, faltam políticas públicas no sentido de alavancar esse segmento da economia, como acontece na área da construção civil, da indústria automobilística, e em todos os setores mais tradicionais da economia. “Isso é um déficit no conceito de desenvolvimento do país porque ao mesmo tempo nós temos uma cultura que é atraente no mundo inteiro”, diz.
O ministro acredita que a economia gerada pelo meio cultural pode alcançar extrema importância, assim como a economia gerada pela biodiversidade brasileira, em um curto período de tempo. Segundo Ferreira, se houver investimento em infraestrutura audiovisual, animação e principalmente na música brasileira, o Brasil será capaz de ampliar significativamente a sua produção de renda e emprego.
Problema histórico
Juca Ferreira apresentou alguns números referentes à situação cultural no Brasil e destacou que essa questão sempre ficou à margem dos temas considerados mais importantes. “Pouco mais de 5% dos brasileiros entraram alguma vez na vida em um museu. 13% dos brasileiros vão ao cinema, com uma freqüência média de uma vez por mês. Só 17% dos brasileiros compram livros. E 92% dos municípios brasileiros não têm cinema, teatro ou centro cultural”, diz.
O ministro afirmou que o Estado brasileiro, durante anos, insistiu em ignorar a importância social e econômica da cultura. “A relação do Estado com a cultura é uma relação historicamente difícil. É uma relação complexa em todos os lugares do mundo. É uma questão vital para a formação da Nação, do desenvolvimento da sociedade, para os vínculos sociais e para a economia, mas ao mesmo tempo ela tem uma complexidade e uma sutileza que freqüentemente caminham na direção da isenção”, ressalta.
Ferreira disse, ainda, que o Estado não tinha uma compreensão clara do seu papel junto ao mundo cultural e à produção simbólica brasileira. Ele lembrou que houve, inclusive, a ideia de transferir essa responsabilidade para a área privada.
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