Ministro iraniano Mottaki diz em Munique que há boas perspectivas de acordo sobre o enriquecimento de urânio no exterior. Estados Unidos e Alemanha veem posição iraniana com ceticismo e exigem mais garantias.
O governo iraniano vê boas perspectivas de chegar a um acordo com as potências ocidentais sobre o enriquecimento de urânio em colaboração com outros países, disse nesta sexta-feira (06/02/2010) em Munique o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manuchehr Mottaki.
Mottaki afirmou que o país estaria disposto a trocar uma parte do seu urânio pouco enriquecido (3,5%) por um combustível altamente enriquecido (20%). Segundo ele, o Irã pretende usar as barras de combustível em um reator de pesquisa, a fim de produzir produtos medicinais, entre outras finalidades para o tratamento de câncer, por exemplo.
“A vontade política existe”, declarou Mottaki durante a Conferência de Segurança de Munique. “Mas deve haver garantias para os dois lados”, prosseguiu.
Para tal, ainda seria necessário esclarecer três pontos, disse o ministro: o país onde o urânio pouco enriquecido seria armazenado antes de ser enviado para enriquecimento num terceiro país, a quantidade de urânio a ser enriquecido e o tempo que levaria para o Irã receber o combustível altamente enriquecido de volta.
Em entrevista à televisão turca, esta semana, Mottaki citou a Turquia, o Brasil e o Japão como possíveis países intermediários na troca do urânio pouco enriquecido pelo altamente enriquecido.
Para a televisão alemã, Mottaki declarou que o acordo sobre o enriquecimento de urânio no exterior não significa que o Irã renunciará completamente ao enriquecimento do combustível dentro de suas fronteiras.
“O enriquecimento de urânio é um direito legítimo do Irã e prosseguirá normalmente sob supervisão das autoridades nucleares [internacionais]”, afirmou Mottaki ao telejornal alemão Tagesthemen.
Desconfiança ocidental
O enriquecimento no exterior permitiria um melhor controle internacional do programa nuclear iraniano. A República Islâmica diz que o programa é pacífico, mas as potências ocidentais desconfiam que o país tenha por objetivo construir a bomba atômica.
O governo do Irã rejeitava com veemência o enriquecimento de urânio no exterior, mas no início desta semana o presidente Mahmud Ahmadinejad sinalizou uma mudança de posição, sem especificar detalhes.
Em Munique, o consultor nacional de segurança do governo dos EUA, James Jones, repetiu neste sábado que o Irã deve se mostrar disposto a cooperar com a comunidade internacional. “Teerã deve cumprir suas obrigações ou se submeter a novas sanções.”
O secretário norte-americano da Defesa, Robert Gates, disse em Ancara que não vê sinais de que o Irã e as potenciais ocidentais possam chegar a um consenso em breve. “Não tenho a impressão de que estejamos próximos de um acordo”, afirmou.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse que o Irã deve dar provas de que seu programa nuclear se restringe a fins pacíficos. Neste sábado, em Munique, Westerwelle reiterou que a comunidade internacional não deve aceitar o Irã como potência nuclear. “Isso levaria uma desestabilização de toda a região”.
O ministro alemão da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, se declarou decepcionado com o discurso de Mottaki em Munique. Para o ministro alemão, Mottaki apenas usou sua “habilidade retórica” para ganhar tempo.
As discussões em torno do programa nuclear iraniano são um dos principais temas da Conferência de Segurança de Munique.
*Com informações de Simone Lopes
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