Portugueses são muito tolerantes com a corrupção

Cerca de 63 por cento dos portugueses toleram a corrupção desde que produza efeitos benéficos para a população em geral, revelou hoje no Parlamento o investigador Luís de Sousa, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e especialista na análise do fenômeno da corrupção.

O investigador apresentou uma detalhada exposição na comissão parlamentar para o fenômeno da corrupção, com base em vários inquéritos e estudos nacionais e internacionais sobre a matéria, revelando que a corrupção estilo “Robin Hood” (que favorece os mais fracos) ainda tem uma grande aceitação na sociedade portuguesa. Facto que é sintomático “de uma cultura cívica ainda muito assente na satisfação de necessidades básicas”.

Ainda segundo os estudos que revelou aos deputados, a definição social de corrupção dos portugueses “é algo restrita” e “propícia a que estes escolham frequentemente fazer mais do que a Lei permite e menos do que a ética exige”.

Esta cultura permissiva face à corrupção, é, entre outros, “produto da forma como o poder político e administrativo se organizam”. “Boas leis e boas instituições reduzem as estruturas de oportunidade e incentivos para a corrupção”, revelou nos documentos apresentados no Parlamento.

O investigador revelou também algumas das condições que favorecem a corrupção e que passam sobretudo pelo comportamento e funcionamento dos órgãos do Estado, nomeadamente a sua “intervenção excessiva e desordeira na economia”

Concentração de poderes num cargo “sem que tenham sido criados garantias horizontais e verticais ao exercício das suas competências”; ineficiência administrativa “que, muitas vezes, deriva de uma política de recrutamento do tipo familiar, partidário, portanto, recrutamento sem mérito e sem qualidade”; “controlos formais ineficazes e inconsequentes; insuficiência da disciplina/repressão: tardia; onerosa; redutora; selectiva (“peixe miúdo”); impotente (amnistia); sem credibilidade (regresso a funções)”; “desprestígio da função pública e ausência de uma noção de “missão de serviço público”; “passagem de políticos para os corpos de direcção de empresas após o termo do mandato e vice-versa”, foram alguns dos exemplos apresentados.

O financiamento político também não foi deixado de fora, com Luís de Sousa a revelar a “não contenção das despesas eleitorais, falta de disciplina financeira interna, ineficácia dos instrumentos de controlo”, também contribui para o fenómeno da corrupção

A falta de liberdade e qualidade de imprensa e de uma cidadania activa, pode ser outro dos pecados, neste caso com o investigador a apontar o dedo à imprensa regional muitas vezes controlada e financiada por empresas locais e câmaras municipais.

*Com informações do Jornal Público de Portugal


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