Apoio do Governo garante permanência da Monsanto na Bahia

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Diretores da Monsanto estiveram, nesta segunda-feira (21/06/2010), na Governadoria, para agradecer ao governador Jaques Wagner o apoio na disputa comercial com a indústria chinesa pelo preço do glifosato, matéria prima usada na produção do herbicida Roundup.

Eles disseram que a interferência de Wagner foi fundamental para a decisão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de estabelecer o piso mínimo de U$ 3,60 CIF (Custo, seguro e frete) por quilo para a importação do produto chinês. Isso vai permitir que a multinacional continue operando na Bahia, garantindo mais investimentos e os dois mil empregos atuais.
Para conseguir esse resultado, o governador teve audiência, em março deste ano, com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Casa Civil, Erenice Guerra, em Brasília.

O insumo para o glifosato, o ácido fosfonometil iminodiacético, utilizado na fabricação do herbicida mais usado na agricultura mundial e produzido pela empresa do Pólo Industrial de Camaçari, estava ameaçado por conta da concorrência.

A disputa com a indústria chinesa foi considerada desleal, devido ao dumping – prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país vender seus produtos por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país.

A medida contra a China, conhecida como antidumping, já tinha sido utilizada antes, no período de 2003 a 2008. A tarifa emergencial é considerada pela companhia uma proteção que permite a Monsanto respirar durante o processo de revisão, analisado pelo Decom até a decisão da Camex.

“Todo produto que chegar abaixo desse valor, o governo brasileiro vai cobrar uma tarifa, um valor adicional. Vamos supor que os chineses exportem para o Brasil a U$ 3,20, então, o governo brasileiro vai cobrar U$ 0,40 centavos por quilo”, explica Almeida.

“A Monsanto entrou com o processo de revisão este mês junto à Defesa Comercial do Brasil (Decom), que vai demorar um ano para ser analisado pelo governo. A partir disso, o governo vai olhar os nossos números, entrar na nossa contabilidade e ver que estamos tendo prejuízo. Caso a empresa fechasse, mais de R$ 800 milhões deixariam de ser arrecadados”, esclarece o diretor de Assuntos Corporativos, Rodrigo Lopes Almeida, que esteve na Governadoria com o presidente global da Divisão de Proteção de Cultivos da Monsanto, Kerry Preete.

Um estudo sobre os impactos econômicos e o possível fechamento da Monsanto no Estado foi realizado pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), o que evidenciou números significativos do ponto de vista de arrecadação tributária, geração de empregos, além da dependência do Brasil da importação do produto chinês.

Produção

A participação chinesa no mercado nacional de glifosato ácido subiu de 13% para 67% em apenas dois anos, como resultado do baixo preço com que o produto chega ao Brasil. Isso se deve aos subsídios recebidos do governo da China, do pouco investimento em sustentabilidade e direitos trabalhistas naquele país e pela redução da tarifa antidumping, que caiu de 35,8% para 2,1% em fevereiro de 2009.

Grande parte do que a Monsanto produz abastece o mercado brasileiro, sendo que 15% vão para o mercado da Argentina, que antes importava o produto dos EUA. O que acontece é que os chineses exportam o glifosato pronto. Ou seja, além de prejudicar a fabricação em São José dos Campos, também influencia na fabricação da matéria-prima para esse produto, afetando mais de 34 empresas que fornecem à Monsanto em Camaçari.

“Estamos falando de dois mil empregos na Bahia, empregos diretos de empresas como Oxiteno, Copene, Copenor, Petrobras, Braskem, dentre outras. A única fabricante desse herbicida é a Monsanto”, ressalta o diretor, lembrando que a prática de dumping dos chineses atinge a Monsanto na Bahia, em São José dos Campos e o Pólo Industrial do estado.

“O ácido fosfonometil iminodiacético é produzido aqui, essa matéria-prima segue para São José dos Campos e lá se transforma em glifosato técnico, que depois é formulado e surge o produto final, herbicida Roundup”, enfatiza Almeida.

Para o secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, o governador definiu uma estratégia que era levantar o impacto em toda a cadeia petroquímica e a partir desse trabalho, Wagner convenceu o presidente Lula da importância de proteger essa empresa, que é a última que fabrica o glifosato. “Os chineses fazem o dumping, jogam o preço lá embaixo, quando a empresa quebra eles começam a levantar o preço novamente. O governo brasileiro já tem medidas antidumping para calçados e uma série de produtos”.

James Correia revela que existe uma série de discussões para implantar essa medida de antidumping para outras empresas. “O governo não se convenceu de que realmente é factível implantar essa medida. Antes de adotar uma postura, o governo faz toda lição de casa. Nós não damos deferimento de ICMS, incentivo para que empresas importem produtos que já são produzidos na Bahia. Isso já é uma diferença competitiva significativa. Se você quiser importar um produto produzido no Pólo não damos o deferimento como é comum dar para produtos que não são fabricados aqui”.


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