Isralenses e Palestinos esbarram com 1º empecilho para a paz

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Jerusalém, 14 setembro de 2010 (EFE).- Israelenses e palestinos vão se deparar hoje, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, com o primeiro empecilho das negociações entre ambos: a continuidade ou não da expansão das colônias judaicas na Cisjordânia, o que pode atrapalhar as conversas rumo à paz.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tenta encontrar, antes da reunião, uma fórmula que satisfaça tanto os colonos e a extrema-direita de Israel, como os palestinos e, sobretudo, o presidente americano, Barack Obama, que já manifestou em diversas oportunidades seu apoio à paralisação das construções.

Netanyahu deixou claro que não irá prorrogar a moratória parcial à expansão dos assentamentos na Cisjordânia, de dez meses e que expira no final de setembro, mas também advertiu que não dará carta branca aos colonos e que vai desacelerar a expansão colonial.

Os palestinos já adiantaram que se levantarão da mesa de negociações caso as construções sejam reiniciadas, embora também se mostrem dispostos a aceitar uma paralisação de fato, mesmo sem declaração oficial.

Para eles, a atual moratória já parece insuficiente, porque exclui o território ocupado de Jerusalém Oriental, os edifícios públicos e cerca de 3 mil casas já construídas antes de seu início. Os palestinos ainda se queixam da posterior aprovação de casos excepcionais e das violações da atual moratória.
Em reunião com ministros de seu partido – Likud -, Netanyahu disse que Israel tem potencial para erguer 19 mil imóveis, mas que o número será muito menor na prática.

O chefe do Governo israelense afirmou que não vai permitir que os palestinos imponham a moratória como condição para manter o diálogo, da mesma forma que ele não exigiu, para sentar-se à mesa, que os palestinos reconhecessem Israel “como o estado da nação judaica”.
“Não vamos permitir que nos ditem que nada mais será construído, mas entre zero e um há outras possibilidades”, afirmou.

As possibilidades entre esse “zero e um” são diversas, e não está claro qual delas será tolerável tanto para Ramala como para Washington, sem colocar em risco a direitista coalizão do Governo israelense.
A solução possivelmente passará pelo fim dos concursos públicos para construir no coração da Cisjordânia, nos pontos mais afastados da barreira de separação erguida por Israel, ressaltou o diário israelense “Maariv”.

Essa medida seria combinada com impedimentos burocráticos à edificação impostos pelo Ministério da Defesa, sob a direção do trabalhista Ehud Barak, em lugares para onde já foram concedidas permissões de construção.

O Executivo também poderá simplesmente limitar a construção a um número entre 1,5 mil e 2 mil casas ao ano, como havia sido proposto na anterior administração, de Ehud Olmert, durante o fracassado processo de paz de Annapolis. A ideia foi citada por fontes governamentais no diário “Israel Hayom”.

A ONG israelense Shalom Ajsav (Paz Agora, em tradução livre), que segue de perto a evolução das colônias, afirma que, esgotada a moratória, os colonos judeus poderão começar a construir 13 mil casas que já foram aprovadas, 5 mil delas em assentamentos afastados da fronteira israelense reconhecida internacionalmente.

Entre as opções mais debatidas nas últimas semanas está a do ministro de Inteligência, Dan Meridor (do Likud), que propôs que as construções fosses reiniciadas unicamente nos grandes blocos de assentamentos, – os quais Israel estima que ficarão sob sua soberania em um acordo de paz. A fórmula, no entanto, não agradou nem ao Gabinete israelense nem aos palestinos.

O ministro de Desenvolvimento Regional, Silvan Shalom, entende que “construir só nos blocos de assentamentos significa desenhar a fronteira sem que seja resultado de um processo negociador”, o que significaria renunciar a outras colônias.

Já o ministro de Assuntos Sociais, o trabalhista Isaac Herzog, é um dos poucos que se mostraram a favor da extensão da moratória atual por um prazo limitado de dois ou três meses, após os quais a construção voltaria a ser exclusiva nas zonas onde exista “consenso nacional” que ficarão como território israelense.

A população, em geral, apoia os colonos. De acordo com uma pesquisa publicada pelo “Maariv”, 39% dos israelenses estão de acordo com as construções em todo o território palestino, e outros 36% acham que a expansão deve se limitar apenas aos grandes blocos de assentamentos.

Apenas 20% dos israelenses acreditam que o Governo deve frear totalmente o projeto colonizador.

Qualquer que seja a decisão, é difícil que Netanyahu possa ficar em cima do muro muito tempo, porque, como expressou o ex-ministro e pacifista israelense Yossi Beilin, “é difícil enganar todo o mundo”.

*Com informação de Ana Cárdenes.


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