Santa Brígida recebe primeiro sistema do Programa Água Doce

Os moradores da localidade de Minuim, no município de Santa Brígida, comemoram, na terça-feira (30/12/2010), a instalação da primeira Unidade Demonstrativa (UD) do Programa Água Doce na Bahia. O sistema dessalinizador de águas subterrâneas, salobras ou salinas permitirá que 250 famílias da região tenham acesso à água potável. “A chegada desse programa é uma glória para nós, que não tínhamos água potável para beber. Estamos muito satisfeitos e acredito que a comunidade vai fazer com que esse sistema funcione”, disse o morador Edvaldo Lima.

O Programa Água Doce, criado pelo governo federal, está sendo implantado, pela primeira vez, no estado da Bahia e conta com a parceria da Secretaria do Meio Ambiente, por meio do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá). O objetivo é melhorar as condições de vida do semiárido, onde boa parte da população consome água subterrânea salobra.

A UD é um sistema de produção integrado, por intermédio do qual a comunidade obtém água para consumo humano e ainda utiliza o concentrado (o que sobra após a dessalinização) na produção de peixes e na irrigação de plantas.

O prefeito de Santa Brígida, Padre Teles, afirmou que o programa tornou-se a esperança da comunidade de Minuim. “Os cerca de 800 habitantes vivem do cultivo do feijão e milho, mas dependem muito da chuva. Todos os poços cavados aqui são de água salgada. Portanto, além de trazer água potável para essas pessoas, o sistema ainda vai gerar uma fonte de renda, com a criação da tilápia e futura venda dos peixes”.

A bióloga da Coordenação de Planejamento de Recursos Hídricos do Ingá, Maria do Carmo Nunes Pereira, explicou que após estudos e visitas ao semiárido, as localidades prioritárias para implantar a unidade foram Minuim e Gangorra, em Juazeiro. “Optamos por Minuim porque Gangorra receberá água tratada pela Codevasf”.

Aproveitamento do sal – Como explicou o técnico da Diretoria de Educação Ambiental da Sema, Ricardo Duarte, o sistema vai retirar o sal da água e o seu rejeito, que normalmente é jogado no meio ambiente, causando vários problemas, terá uma destinação adequada. “A água do poço será tratada e servirá para beber. O rejeito de sal será colocado em um criatório de peixes, do tipo tilápia, que se adapta bem a essas condições. E a água a ser trocada dos reservatórios, abastecerá a plantação de erva-sal, uma planta muito utilizada para alimentar caprinos e ovinos”.

Segundo ainda Ricardo, durante alguns meses a comunidade recebeu treinamento para cultivar os peixes e irrigar as plantas, pois faz parte do acordo assinado entre os governos federal, estadual, municipal e a associação de moradores, que a gestão pelo sistema será de responsabilidade da própria comunidade, sendo que no primeiro ano do programa, os técnicos farão o monitoramento e auxiliarão no que for preciso.

Metodologia Sustentável – De acordo com o coordenador nacional do Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente, Renato Ferreira, a elaboração do programa se deu a partir da necessidade de criar um sistema de dessalinização sustentável, que houvesse cuidados ambientais e controle social. “É um desafio enorme que nós temos pela frente, pois o nosso objetivo é levar água potável para cerca de nove milhões de pessoas que vivem no semiárido”.

Até agora, o programa já beneficiou 60 mil pessoas em vários estados brasileiros, dentre eles, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Minas Gerais.


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