A esperança se veste de profeta | Por José Carlos García Fajardo

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O voluntariado social se distingue da assistência social porque além de ser uma atividade subsidiária não é uma profissão remunerada. Não se pode assumir o altruísmo, a beneficência ou as obras de caridade por razões religiosas. Todas elas convenientes e respeitáveis para seus realizadores pois lhes ajuda a sentir-se melhor praticando ações sem importar sua motivação.

Mas a prática dessas ações sociais nem sempre está relacionada com a paixão pela justiça que, deve fundamentar as atividades do voluntariado social e que corre o risco de institucionalizar os efeitos quando ocultam-se as causas. Os benfeitores, com a melhor das intenções, podem converter-se em cúmplices do sistema que dá origem a essas injustiças, diante das quais devem surgir as denúncias e propostas alternativas, pois o que vale é a resposta diante das injustiças, quando alguém se põe no lugar do outro e não só a solidariedade. O outro nunca pode ser o objeto da nossa generosidade. O outro é sempre o sujeito, pessoa que interpela, pessoa mais que indivíduo, pois o mesmo poderia se converter em um meio para uma finalidade. O outro é sempre um fim em si mesmo. O voluntariado social nem sempre está motivado por razões de origem religiosa ou motivações políticas, e sim pela ética fundamental da justiça, da solidariedade e da liberdade.

A justiça social é o fundamento em que está enraizado o voluntariado como fenômeno sociológico que surgiu na década de 70, quando se podia datar o surgimento da dependencia às drogas também como fenómeno sociológico e não só como vício ou delinqüência. O voluntariado social como fato e a dependência como fenômeno não são obra de líderes ou profetas, e nem o resultado da estratégia de narcotraficantes. São as respostas da sociedade civil a uma realidade percebida como injusta ou insuperável pessoalmente. Em alguns casos, a ajuda ao próximo alivia a tensão e, em outros, a fuga desesperada de uma situação em que não se sofre. As causas não devem ser nunca confundidas com os meios. As organizações da sociedade civil surgem como veículos para canalizar umas instâncias e em outros, os traficantes suprem a demanda do mercado. Às vezes a esperança se veste de profeta, de pessoas comprometidas que denunciam a injustiça, ao mesmo tempo que levantam os braços e buscam outras propostas alternativas.


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