A morte do ex-presidente da República e senador Itamar Franco (PPS-MG), de 81 anos, provocou entre os políticos comoção e a sensação de vazio na política nacional. Integrantes da base aliada e do governo disseram à Agência Brasil que, independentemente das divergências ideológicas, Itamar é uma referência política no cenário nacional.
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que Itamar deixará um vazio não só no cenário nacional como também em Minas Gerais. Segundo ele, a perda é grande para o Brasil. “O Senado Federal e o Brasil perdem um grande político”.
Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o ex-presidente foi “um exemplo” de ética política. “Em um tempo em que a dignidade é um produto em falta na prateleira política nacional, o desaparecimento de Itamar é uma perda irreparável”, disse.
Segundo o senador do PSDB, Itamar voltou ao Senado com muita disposição e talento e deixará um “vácuo irreparável na Casa”. O presidente nacional e líder do DEM, José Agripino Maia (RN), destacou que Itamar era respeitado mesmo por aqueles que discordavam de suas opiniões.
“O Itamar era acima de tudo um homem que não convivia com a improbidade, e todos o respeitavam por suas ideias”, afirmou Agripino. “Ele será referência pelo que sempre foi de posições fortes e senso de contestação”, acrescentou ele.
O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), lamentou a morte de Itamar, que era o vice-presidente da legenda, lembrando que ele era uma das figuras “mais respeitáveis da política brasileira”. “Um grande resistente pela democracia e contra a ditadura, um gestor público dos mais decentes e competentes”.
Freire acrescentou que Itamar assumiu a Presidência da República (1992-1994) em um momento difícil e conseguiu fazer um governo marcante. “Foi no seu governo que se gestou o Plano Real, que mudou a história recente do país do ponto de vista econômico”, lembrou.
Itamar Franco primou pela ética na política, destaca nota do PPS
O PPS divulgou nota oficial hoje (2) lamentando ao morte do senador e vice-presidente do partido Itamar Franco. Para o presidente do partido, deputado federal Roberto Freire (SP), que foi líder do governo de Itamar Franco, o Brasil perde um dos políticos mais honrados de sua história.
“Itamar sempre primou pela ética na política e sua história é um exemplo para todos os brasileiros”, disse Freire. “Com sua firmeza e inteligência, assumiu a Presidência da República num dos momentos mais conturbados pós-ditadura [o impeachment de Fernando Collor] e deu início a uma verdadeira virada nos rumos do país. Foi com Itamar e o Plano Real, lançado em seu governo, que o país se livrou da inflação galopante, começou a se desenvolver e ganhar respeito internacional. O Brasil deve muito a esse grande homem.”
O presidente do PPS lembrou ainda que, durante a ditadura militar, Itamar ganhou, como prefeito de Juiz de Fora, admiração e reconhecimento dos comunistas ao convidar muitos membros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), então na ilegalidade, para compor a administração municipal.
Segundo o PPS, Itamar foi o presidente que conseguiu, por intermédio da concepção e execução do Plano Real, controlar a mais violenta e persistente inflação da história do país e, com isso, restabelecer a normalidade das atividades econômicas e a estabilização da moeda.
Amigo de Itamar, Simon diz que o ex-presidente deixa um exemplo de dignidade e responsabilidade na política
Amigo do ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS-MG) há mais de 40 anos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse à Agência Brasil que a morte dele provoca uma reflexão sobre os princípios que devem reger a política nacional e internacional. Ex-líder do governo Itamar (1992-1994) no Senado, Simon acrescentou ainda que a ética estava na base da atuação do ex-presidente.
“O Itamar era uma pessoa excepcional, baseada em uma atuação que consistia na integridade, na responsabilidade, na austeridade e dignidade”, disse Simon, visivelmente abalado com a perda do amigo. “Desafio quem quer que seja a apontar uma vírgula sobre a atuação de Itamar que não tenha respeitado esses princípios.”
Segundo Simon, aqueles que dizem que Itamar era “polêmico” não observam a personalidade dele como um todo. “A questão da polêmica é menor em relação ao que Itamar era. Ele era um homem cuja principal característica era a austeridade até o exagero.”
Itamar morreu por volta das 11h, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O corpo dele será velado em Juiz de Fora e em Belo Horizonte, segundo os parentes. Em seguida, haverá uma cerimônia de cremação nas redondezas da capital de Minas Gerais. A previsão é que a cerimônia de cremação ocorra amanhã (3).
Desde o dia 21 de maio, o ex-presidente estava internado para o tratamento de leucemia. O estado de saúde de Itamar piorou ontem (1º), quando ele passou a respirar com a ajuda de aparelhos. Nesta semana, o senador foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein.
Sarney e Collor lamentam morte de Itamar Franco
Os ex-presidentes da República José Sarney (PMDB-AP), atualmente no comando do Senado, e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) divulgaram hoje (2) notas de pesar pela morte do ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS-MG).
Sarney lembrou a trajetória política de Itamar em um comunicado de sete parágrafos. “É com grande consternação que recebi o falecimento do senador Itamar Franco, ex-presidente da República, e figura das mais expressivas e importantes da História do Brasil, que atualmente ocupava uma cadeira de senador por Minas Gerais”, diz a nota de Sarney.
Em seguida, Sarney acrescenta: “Itamar Franco é uma legenda do povo mineiro. Um dos maiores brasileiros do seu tempo, tendo exercido uma vida pública com dedicação total ao país, colocando suas qualidade de honradez, dignidade, inteligência e capacidade a serviço das grandes causas nacionais. Foi durante seu governo que o país encontrou sua estabilidade econômica com o Plano Real”.
Sarney diz que perdeu um “um grande amigo”, cuja convivência fez com ele mantivesse “uma admiração pela sua personalidade inconfundível e pela firmeza de suas convicções”.
Em uma nota de seis linhas, Collor, que teve Itamar como seu candidato a vice na chapa que disputou as eleições de 1989 – primeira eleição direta do país após a ditadura militar (1964-1983) –, também lamentou a morte do ex-presidente: “Sinto muitíssimo a perda de um amigo e grande presidente do nosso país. Itamar foi um companheiro inexcedível durante o período em que militamos juntos na política. Perde o Senado e a vida pública brasileira. Um homem digno, coerente, ético e defensor intransigente dos seus ideais”.
Com o afastamento de Collor da Presidência, em 1992, Itamar assumiu a Presidência da República.
Presidente do TST diz que Itamar deixa legado perene para a sociedade brasileira
Presidente do TST lamenta morte de ex-presidente Itamar Franco
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazen, divulgou, no início da tarde de hoje (2), nota de pesar pela morte do ex-presidente Itamar Franco. No comunicado, enviado em nome de todos os juízes do Trabalho, Dalazen lembra que foi sob a gestão de Itamar que o Plano Real foi implantado.
“O Brasil perdeu hoje o estadista que, com coragem e tirocínio, implantou o mais notável e engenhoso plano de estabilização econômica da história do país”, afirma o presidente do TST.
Segundo ele, o Plano Real trouxe a estabilidade desejada por milhões de trabalhadores e empreendedores brasileiros, permitindo o início de um ciclo de crescimento e de distribuição de renda sem precedentes.
“Ousado, probo e independente, Itamar Franco deixa um legado perene à sociedade brasileira. A Justiça do Trabalho, profundamente consternada, homenageia a memória deste exemplar e admirável homem público”, conclui a nota.
PMDB divulga nota de pesar pelo morte de Itamar
Em nota oficial, o comando nacional do PMDB lamentou hoje (2) a morte de um dos seus fundadores e líderes. O ex-presidente e senador Itamar Franco foi um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que fazia a oposição à ditadura militar (1964-1983) e mais tarde deu origem ao PMDB.
No MDB, Itamar Franco começou a carreira política nos cargos de prefeito de Juiz de Fora, em Minas Gerais, e senador nos anos de 1960 e 1970. No PMDB, em 1982, ele se reelegeu senador e no período de 1992 a 1994 ocupou a Presidência da República. Na nota, o partido destaca que o período em Itamar ocupou a Presidência foi marcado pela estabilização econômica do país, com a edição do Plano Real.
Segundo o comunicado, Itamar deixa vários legados para o país. A nota destaca a garantia da governabilidade e a estabilidade democrática conquistadas por meio de um governo de coalizão, a Lei dos Genéricos e a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), que permitiu a implantação de programas sociais.
Depois da Presidência da República, também pelo PMDB, Itamar governou Minas Gerais, de 1999 a 2003. “Que o ex-militante peemedebista descanse em paz porque o PMDB e o Brasil reconhecem o seu valor em prol da democracia e da economia”, diz a nota, assinada pelo senador senador Valdir Raupp (PMDB-RO), presidente nacional da legenda.
Itamar consolidou a democracia e a estabilização econômica do país, destacam PT e PSDB
Os comandos do PT e do PSDB no Senado e na Câmara informaram que a trajetória política do ex-presidente e senador Itamar Franco (PPS-MG) colaborou para a consolidação da democracia e da estabilização econômica do país.
Em nome do PT, o líder no Senado, Humberto Costa (PE), divulgou nota sobre a morte de Itamar. O comunicado do PSDB foi divulgado pelo líder do partido na Câmara, deputado Duarte Nogueira.
“Em meu nome e em nome da bancada do PT, venho externar profunda tristeza pela morte do senador e ex-presidente Itamar Franco”, diz a nota de Costa. “No Senado, eu e toda a bancada do PT pudemos aprender com a sua experiência e debater com o senador questões nacionais importantes.”
Segundo o líder do PT, Itamar “contribuiu muito” para a consolidação da democracia no Brasil. “[Itamar] é o grande pai do Plano Real. Mesmo sabendo que em muitos momentos divergimos politicamente, sei que o Brasil hoje fica um pouco mais triste. O país perde um grande quadro político”.
Para Nogueira, Itamar deve ser lembrado como aquele que desempenhou um papel de destaque na política nacional com o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. “Itamar teve um papel fundamental no período pós-impeachment, um dos momentos mais delicados e emblemáticos para a democracia brasileira, e também no processo de construção do Plano Real, que controlou a inflação e estabilizou a economia. Itamar conciliou política, honra e austeridade”, diz a nota.
Adversários elogiam Itamar
Independentemente das divergências políticas, parlamentares de vários partidos ficaram consternados hoje (2) com a morte do ex-presidente e senador Itamar Franco, 81 anos. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que teve embates com Itamar por causa de votações no Senado, lamentou a morte do ex-presidente.
“A perda de Itamar vai ser sentida em todo país, uma vez que ele era respeitado e querido de todos os brasileiros. Também será sentida no Senado, onde sua atuação estava sempre acima das questões partidárias. Itamar tinha um estilo peculiar de fazer política com afinco e garra. Era contundente nas suas posições que defendia, fazia política de forma dura e respeitosa”, disse Jucá.
Um dos momentos mais tensos do convívio de Jucá com Itamar foi em fevereiro, durante a votação da medida provisória (MP) que reajustou o salário mínimo para R$ 545. Na ocasião, Itamar usou dispositivos regimentais e conseguiu obstruir a votação, mantendo a sessão por quase três horas. Tenso, o líder do governo pediu a Itamar para suspender a obstrução. O governo acabou vitorioso.
Em São Paulo, o ex-governador, ex-prefeito de São Paulo e ex-deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) divulgou nota oficial lamentando a morte de Itamar. “Morreu um estadista, deixando um lugar difícil para ser preenchido. Ele enfrentou um dos momentos de maiores crises econômicas do país [por causa da hiperinflação]”, diz a nota.
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Morte de Itamar é uma perda irreparável para Minas, diz governador Anastasia
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, disse hoje (2), por meio de nota, que a morte do senador e ex-presidente da República Itamar Franco é uma perda irreparável para Minas Gerais, não só pela sua trajetória política, mas em especialmente pelo seu senso político e público.
“Um homem que tinha, na realidade, uma vocação inacreditavelmente alta para a política e para fazer o bem. Um homem dedicado, de fato, às grandes causas do seu tempo. Defendeu Minas Gerais de maneira especial, enquanto senador, realizou um belo governo à frente do Estado, e como presidente da República será sempre lembrado como aquele que encerrou o ciclo da inflação como autor do Plano Real”, destacou Anastasia.
O governador disse que perdeu um grande amigo e lembrou que viajou por todo o estado ao lado de Itamar durante a campanha de 2010. “Aproximei-me muito do senador sob o ponto de vista pessoal, tive nele um grande conselheiro. Itamar Franco deixará, permanentemente, na história de Minas, uma página de serviços prestados e a imagem de um homem dedicado, honesto, trabalhador, e, sobretudo, sensível às causas sociais, aos mais simples, aos mais pobres.”
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