Ah, se todas no mundo fossem vadias como vocês!
No último sábado chegou às ruas de Itabuna a manifestação mais moderna e, talvez, necessária que o primário século XXI já tenha vivenciado. Trata-se da Marcha das Vadias, originalmente slut walk, uma manifestação pública – em forma de protesto – composta por mulheres, homens e todos aqueles que são contra as violências e os abusos sexuais para com o sexo feminino. O evento teve origem no Canadá, ainda neste ano, e por conta da repercussão midiática se espalhou pelas ruas e avenidas das mais diversas cidades das Américas, atingindo também a Europa. No Brasil, até meados deste ano, já havia ocorrido nos grandes centros urbanos como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e agora aconteceu na terra do cacau.
O título é muito sugestivo, irreverente e aos olhos leigos pode parecer mais uma manifestação esdrúxula, mas quem acompanha os noticiários, quem lê um pouco mais de uma página de jornal, ou quem se propõe a enxerga o mundo de modo mais atento, perceberá que esta campanha é nobre e necessária.
Durante um largo período da história a distinção entre os gêneros na sociedade era gritante. Os homens trabalhavam e as mulheres ficavam em casa, eles votavam e elas bordavam, os homens eram médicos, advogados, jornalistas e elas, se muito se esforçassem, seriam professoras de crianças e enfermeiras de guerra sem remuneração. O tempo passou, os valores se imbricaram e até a Constituição Federal e todo o ordenamento jurídico teve que respeitar e se adequar às novas perspectivas. Na verdade, elas estão para além dos rótulos, bem como do que as meras roupas que lhes cobrem.
Àquela que nasceu da costela transformou-se em coluna própria. Elas viraram pilares, que hoje, sustenta famílias, divide despesas e luta em pé de igualdade com os homens pelos mais altos cargos profissionais. A marcha e a presidência da república são só mais umas das inúmeras conquistas que elas vêm colecionando. Mesmo quem não esteve presente no evento pode, através das fotos, vídeos e notícias divulgadas – que não foram poucas, diga-se de passagem – perceber em seus olhares a determinação, em cada cartaz a revolta e em seus passos a certeza de que querem mudar a fatídica realidade ainda vivenciada.
O mais interessante, é que a palavra vadia, normalmente empregada de forma pejorativa e vulgar, a partir desta data recebeu outros valores, pois quem as ostentava eram professoras, advogadas, enfermeiras, escritoras, poetizas, estudantes e artistas, acompanhadas por seus amigos (as), filhos (as) e companheiros (as). Dessa forma, fica evidenciado que a luta contra a violência sexual é de todos, mas a comissão de frente, bem como os méritos dessa conquista são, mais uma vez, exclusivamente delas.
*Jeremias Barreto é graduado em Comunicação Social R/TV – UESC e Bacharelando em Direito – UNIME .
*Com informações: Jeremias Barreto | jerebarreto@yahoo.com.br
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