Olimpíadas 2012: Judoca brasileira Mayra Aguiar supera contusão no braço e conquista medalha de bronze na categoria meio-pesado

| Foto: Alaor Filho

Mayra Aguiar teve que superar duas dores para conquistar o bronze na categoria meio-pesado (- 78kg) nos Jogos Olímpicos Londres 2012, na tarde desta quinta-feira, 2 de agosto, no Excel Center. Primeiro, a dor da derrota para a americana Kayla Harrison na semifinal, que a tirou da disputa pela tão sonhada medalha de ouro. Depois, a dor no braço esquerdo, lesionado quando Mayra sofreu um golpe de Kayla no fim da luta.

Uma combinação de palavras de apoio e carinho, um anestésico local e um analgésico foram suficientes para que a judoca engolisse o choro, colocasse a cabeça no lugar e fosse para a disputa com força e vontade. Sua medalha foi a quarta do Brasil nos Jogos, a terceira do judô – Sarah Menezes ganhou ouro e Felipe Kitadai conquistou o  bronze na categoria ligeiro.

“No final da luta, ela (a americana) arrebentou meu braço. Nem precisava mais fazer aquilo, a luta já estava ganha por ela. Então além de perder, saí machucada. Eu só queria chorar. Pensei: meu Deus do céu, como vou lutar assim?”, lembra ela.

Foi quando o ex-judoca Aurélio Miguel, ouro em Seul (1988) e bronze em Atlanta (1996), puxou Mayra de lado para uma conversa: “Esquece o ouro, depois você se lamenta por isso. Não pensa em nenhum resultado anterior, em nada. Agora é outra competição, a briga pelo bronze. Tenta se concentrar só nisso”, disse Aurélio, que estava no ginásio assistindo à competição.

Em seguida, foi a vez da técnica Rosicléia Campos e do companheiro de seleção brasileira Leandro Guilheiro conversarem com Mayra. “Foi muito importante esse apoio. Eu estava com o corpo e o coração doídos, tinha que superar isso com a cabeça”, comenta a atleta, que ganhou sua primeira medalha olímpica na véspera de completar 21 anos.

O médico Breno Schor medicou seu braço e o prendeu com bandagens, para que ele não virasse, e ela se sentiu pronta para o bronze. “A gente está acostumado com a dor, a gente treina com ela. Quando não sente dor, é porque não está treinando direito. Essa estava muito forte, mas quando começou a luta até esqueci”, conta: “E tem muita gente por trás dessa minha conquista. Uma medalha olímpica não dá para ganhar sozinho, só com muito apoio”.

Mesmo machucada, Mayra conquistou a medalha de bronze aplicando um ippon sobre a adversária, a holandesa Marhinde Verkerk. “A medalha é pesada, mas agora que a ganhei estou com corpo leve”, disse a judoca, que se emocionou ao falar dos companheiros de equipe que perderam suas lutas nos dias anteriores, como Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e Rafaela Silva, favoritos, como ela: “Só a gente sabe o que a gente sofre. Só peço respeito com os heróis brasileiros. Porque é o que eles são: heróis, guerreiros”.

A judoca brasileira, número um do ranking mundial, venceu suas duas primeiras lutas com muita segurança. O primeiro confronto foi contra a tunisiana Hana Mareghni. Mayra tomou a iniciativa desde o primeiro minuto e ganhou por dois wazaris – um deles pelo golpe aplicado, outro por conta da falta de combatividade da adversária, que levou três punições. Nas quartas de final, Mayra continuou no ataque e aplicou dois wazaris na polonesa Daria Pogorzelec, confirmando sua condição de favorita a uma medalha.

Na semifinal, Kayla Harrison estava ganhando por um yuko quando aplicou um ippon em Mayra, levando à lesão no braço. A americana acabou conquistando a medalha de ouro. Essa é, por sinal, a grande meta de Mayra para 2016. “Saio de Londres feliz, mas com o gostinho de quero mais. Faço 21 anos amanhã, ainda tenho muito o que amadurecer, o que aprender. Tenho muito judô pela frente. E quero ouro no Rio”.

*Com informações Flávia Ribeiro, do COB.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.