Barreiras (BA), quinta-feira, 01/11/2012 — A safra 2012/2013 no Oeste da Bahia deverá alcançar 7,2 milhões de toneladas de grãos e fibras, cultivados em 2,25 milhões de hectares, segundo o Primeiro Levantamento do Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). O avanço de 8% na área plantada em relação ao ciclo anterior reforça a expansão regional, impulsionada principalmente pela soja, enquanto o algodão enfrenta retração devido às oscilações de preços internacionais.
Expansão da área plantada e desempenho das principais culturas
A nova safra confirma o Oeste baiano como um dos principais polos agrícolas do país. Serão 1,28 milhão de hectares de soja, 235 mil hectares de milho e 266 mil hectares de algodão, este último com queda de 31% na área em comparação com 2011/2012.
A retração no algodão decorre da desvalorização da commodity e da elevação nos preços da soja, que levou produtores a redirecionar investimentos para culturas de maior retorno imediato.
Segundo as projeções da Aiba, o cerrado baiano deverá produzir 4 milhões de toneladas de soja, 2,2 milhões de toneladas de milho e 1 milhão de toneladas de algodão em capulho, equivalentes a 427,5 mil toneladas de pluma. A produção de café permanece estável em 35 mil toneladas, distribuídas em 13 mil hectares cultivados.
Além das grandes culturas, a região mantém áreas destinadas a feijão, arroz, frutas, sorgo e pastagens, compondo um mosaico produtivo que sustenta a economia agropecuária local.
Plantio antecipado e impacto do Vazio Sanitário da Soja
Uma das inovações do ciclo 2012/2013 foi a antecipação do plantio da soja irrigada em 15 dias, o que permitiu incorporar 30,4 mil hectares adicionais à produção. A produtividade estimada de 60 sacas por hectare deve resultar em 109,5 mil toneladas extras ao final da safra.
A antecipação ocorreu em conformidade com a Portaria nº 623 da Adab, que regula o Vazio Sanitário da Soja, período de 60 dias destinado a interromper o ciclo de pragas, especialmente a ferrugem asiática. Embora o vazio permaneça entre 15 de agosto e 15 de outubro, produtores irrigantes puderam iniciar o plantio em 01 de outubro, mediante autorização formal e assinatura de termo de compromisso.
A medida foi pleiteada pela Aiba e aprovada pelo Comitê Estadual de Controle da Ferrugem Asiática, após apresentação de plano técnico que garantisse o monitoramento fitossanitário das áreas plantadas antecipadamente. A fiscalização permanece constante ao longo de todo o ciclo.
Integração institucional e fortalecimento da governança agrícola
O levantamento da safra foi consolidado em reunião que contou com a participação de Abapa, Abacafé, Adab, IBGE, Bunge, CREA, BNB Barreiras e BB Barreiras, instituições que integram a cadeia produtiva regional.
Essa articulação reforça um modelo de governança baseado em dados técnicos, monitoramento ambiental e planejamento agrícola, elementos que garantem estabilidade produtiva e previsibilidade para as safras seguintes.
Desafios estruturais da expansão agrícola
O desempenho projetado para a safra 2012/2013 confirma a força produtiva do Oeste baiano, mas expõe desafios permanentes. A dependência de culturas altamente sensíveis ao mercado global, como algodão e soja, torna a região vulnerável às oscilações internacionais de preços. A retração expressiva do algodão demonstra como decisões de plantio respondem a ciclos econômicos externos que escapam ao controle local.
Também merece ressalva a ampliação de áreas cultivadas em um contexto que exige aprimoramento constante em gestão hídrica, práticas sustentáveis e vigilância fitossanitária. A flexibilização do plantio irrigado reforça a importância de rigor técnico para conter pragas como a ferrugem asiática, cuja disseminação pode gerar prejuízos volumosos.
Mesmo com expansão e resultados expressivos, o futuro da região depende da capacidade de equilibrar produtividade, sustentabilidade e estabilidade comercial, integrando avanços tecnológicos às demandas de preservação ambiental e segurança alimentar.
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