Eleições 2014: discurso de Aécio Neves após confirmação da candidatura a Presidência da República pelo PSDB

Ao ser escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves defende unidade em favor de mudanças.
Ao ser escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves defende unidade em favor de mudanças.
Ao ser escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves defende unidade em favor de mudanças.
Ao ser escolhido o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves defende unidade em favor de mudanças.

Escolhido por 99,11% dos convencionais do PSDB neste sábado (14/06/2014), o presidente nacional do partido, o senador Aécio Neves, discursou para cerca de 5 mil pessoas durante a Convenção Nacional da legenda, em São Paulo. Em tom emocionado, ele lembrou do avô e dos exemplos que o guiam na política.

A seguir, a íntegra do discurso:

“Meus amigos, minhas amigas, de cada canto desse maravilhoso Brasil.

Eu acho que vocês podem imaginar a emoção que eu sinto neste instante.

O mais importante momento de toda a minha caminhada política. E as coisas não acontecem ao acaso.

Peço licença a vocês para saudar de forma muito especial minha mãe que está aqui presente, companheira de todos os momentos e de cada instante dessa caminhada.

A minha filha querida, amada Gabriela, também aqui hoje, inspiração permanente em cada ato do meu cotidiano.

Um beijo à distância, minha esposa e meus filhos, recém-nascidos, que se recuperam bem, graças a Deus, e haverão de crescer num país mais justo, mais solidário e mais generoso.

É indescritível.

Indescritível a emoção que eu sinto nesse instante e volto um pouco no tempo e ao ouvir tantas e tão expressivas lideranças políticas do Brasil aqui hoje se sucederem nessa tribuna, não apenas prestando a mim homenagem, mas irradiando confiança na construção de um tempo novo no Brasil.

A minha mente, a minha memória voltava no tempo e me lembrava de dois homens que foram absolutamente fundamentais na minha caminhada.

O primeiro, aquele que me pegou ainda menino pelas mãos e ensinou que honestidade e responsabilidade devem ser companheiras permanentes dos homens de bem. Minha saudade ao meu pai Aécio Cunha.

O tempo passou e na minha adolescência uma mão segura, firme, idealista e corajosa me ensinou que não existe, na vida de uma sociedade, uma atividade mais digna e mais honrosa do que a política. Mas ele se referia à política feita com seriedade, com responsabilidade e com destemor.

Obrigado, meu avô Tancredo, pelos seus ensinamentos, pelos seus exemplos e pela sua coragem, que permitiu aos brasileiros, nos reecontrarmos com a democracia e com a liberdade.

Gostaria nesse instante, antes de me dirigir a vocês, e ao Brasil que nos ouve hoje, algumas palavras e me permitirei ler aqui alguns compromissos para o início dessa caminhada, voltar há 30 anos.

No momento em que o Brasil se unia em torno de um grande sonho, o sonho da reconquista da liberdade.

A frustração e a dor com a morte do presidente Tancredo tomou conta da nação, e obviamente, de forma muito profunda, daquele que o acompanhava todos os dias e todas as horas.

Peço licença para voltar a 30 anos atrás e peço ajuda a um grande brasileiro, e peço que a sua voz, a voz do grande amigo e poeta Ferreira Gullar nos possibilite essa viagem no tempo.

[Leitura do poema “Palavra Gasta” de Ferreira Gullar, feita em áudio]

Adeus a Tancredo

Companheiro Tancredo Neves, eu não vou chamar você de Excelência logo agora, quando mais do que nosso presidente, você é nosso irmão ferido e que se vai. Foi você quem conduziu de, uma ponta a outra do país, acima de nossa cabeça, uma tocha de chama verde como a esperança.

Esperança é uma palavra gasta, mas não era a palavra, era a esperança mesma, que você carregava, e ela ainda Luzia em suas mãos hoje, no derradeiro momento, num quarto de hospital em São Paulo.

E quando suas mãos se apagaram, essa chama brilhou no céu da pátria nesse instante. Pátria é uma palavra gasta, mas pátria é terra, é mãe, embora muitos de nós, milhões de nós, ainda vagueiem pelas cidades, pelos campos, sem o penhor de uma igualdade que havemos de conquistar com o braço forte.

Pátria é uma palavra gasta, mas no seio dela descansarás Tancredo amigo, no chão macio de São João del Rey, amado pelo povo, à luz de céu profundo. Povo também é uma palavra gasta, mas o povo, o povo mesmo despertou quando lhe prometeste uma Nova República, iluminada ao sol de um novo mundo. E ela virá, e tu a construirás conosco, erguendo nossos braços, cantando em nossa boca, caindo e levantando como este povo em que, ao morrer, te transformastes.

Amigos,

As palavras que acabamos de ouvir resgatam o profundo sentimento de esperança que partilhamos durante tanto tempo – e que devem nos inspirar nessa caminhada que iniciamos.

Elas nos falam, no fundo da alma, dos nossos deveres para com o Brasil e dos haveres que temos com cada um dos brasileiros.

Elas engrandecem o sentido do nosso propósito.

Elas têm o poder de nos lembrar de onde viemos, quem somos e porque estamos aqui.

Se sempre foi inequívoco o compromisso do PSDB com a democracia e a liberdade, foi a nossa coragem que nos legou o país moderno e promissor que somos hoje.

Foi com ela que colocamos fim ao ciclo hiperinflancionário que aprisionava o nosso crescimento e roubava o nosso futuro.

E atingia especialmente os mais pobres, os que mais precisavam e menos tinham.

Com a determinação do presidente Itamar e a liderança inconteste do presidente Fernando Henrique, transformamos a realidade brasileira de forma estrutural e definitiva, com o Plano Real.

Isso, quando quase ninguém acreditava que seria possível.

O Plano Real não garantiu apenas o poder de compra do salário. O Plano Real reconquistou para o Brasil o mais simbólico valor de que uma nação pode dispor: a confiança nela própria.

Foi a nossa vocação transformadora que construiu o Brasil do nosso tempo.

A nossa visão estratégica criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, para que o dinheiro do cidadão fosse mais bem cuidado e aplicado.

O nosso compromisso com o futuro garantiu vagas para todas as crianças na escola.

O nosso respeito com a saúde dos brasileiros – e me permitam aqui uma homenagem ao ministro e amigo José Serra – criou os genéricos, garantindo medicamentos mais baratos para a população. E o melhor programa de combate à Aids em todo o mundo.

Nosso firme compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar de cada um dos brasileiros modernizou a estrutura do Estado.

Ampliamos o acesso a serviços, como o das telecomunicações, que abriram as portas do futuro para o país e criaram novas oportunidades de trabalho para milhões de brasileiros.

Quero afiançar a cada um de vocês:

Nenhum outro governo, em nossa história recente, deixou um legado de transformações e criou bases tão sólidas para que o país pudesse avançar, como o governo do PSDB, apoiado sempre pelos nossos aliados, e homenageio de forma explícita e forte o Democratas de tantos companheiros que aqui hoje comparecem.

Para onde quer que se olhe, há marcos fundamentais de modernidade implantadas por nós, quando tivemos a honrosa responsabilidade de governar o Brasil.

A criação das agências reguladoras a modernização dos portos; a simplificação do sistema tributário, com o Simples; o apoio ao homem do campo, com o Pronaf.

No governo, o PSDB preocupou-se de fato em governar para as pessoas.

Nossa responsabilidade foi com cada brasileiro e brasileira que precisava do apoio das ações governamentais.

Na educação, com o Fundef.

Na saúde, com a expansão do Saúde da Família, da Saúde da Mulher e com a Emenda 29, que garantiu mais recursos para o sistema público.

Na luta contra a miséria, e acho importante rememorarmos, o Fundo de Combate à Pobreza, a regulamentação da Lei Orgânica de Assistência Social e da Aposentadoria Rural, a Política Nacional do Idoso, o Programa de Proteção e Promoção das Pessoas com Deficiência.

Fomos nós, o PSDB e seus aliados, com o apoio do povo brasileiro, quem criamos os primeiros e definitivos programas de transferência de renda nacionais. E o maior deles, o Benefício da Prestação Continuada.

Estruturamos a rede de proteção social, demos início ao que se transformaria depois no Bolsa Família. Criamos o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do trabalho escravo e degradante.

E esses são apenas alguns exemplos do trabalho que fizemos.

E não adianta nossos adversários quererem, a história não se reescreve. Ela está aí para ser revisitada e reconhecida.

A nossa coerência com nossos princípios e valores nos manteve na liderança da oposição nos últimos 12 anos.

Mas é preciso reconhecer que nossos adversários também mantiveram a sua coerência.

Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação.

Quem foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje assina a maldita contabilidade criativa.

Quem se negou a apoiar a união nacional defendida por Tancredo e Itamar, em dois momentos importantíssimos da vida nacional, são os mesmos que se esforçam hoje em dividir o Brasil de forma perversa entre o nós e eles.

Nos últimos anos, com velocidade surpreendente, o legado bendito que a gestão do PSDB deixou para o país está se esvaindo, se esgotando.

A inflação é uma realidade que assalta a mesa dos mais pobres.

A confiança, interna e externa, que havia sido duramente conquistada, foi perdida no rastro de incontáveis demonstrações de desapreço à transparência e inegável pendor autoritário e intervencionista.

Os brasileiros, a verdade é essa, percebem que foram traídos e por isso o ambiente de indignação e desalento tomou conta de todos os cantos do Brasil.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética. E elegeram um governo que foi protagonista dos maiores escândalos de corrupção da nossa história.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender o patrimônio público. E elegeram um governo que em poucos anos vem aniquilando o valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros.

A Petrobras, construída durante 60 anos pelo esforço de brasileiros e brasileiras, apenas no governo da atual presidente perde metade do seu valor, deixa de frequentar as páginas econômicas, para frequentar quase que diariamente as páginas policiais.

A Eletrobras vai pelo mesmo caminho.

Os fundos de pensão, patrimônio dos servidores das empresas estatais e bancos públicos, também foram solapados pela ganância de um grupo político que abdicou, há muito tempo, de ter um projeto de país para se contentar, única e exclusivamente, em conduzir um projeto de poder.

Esses são apenas alguns entre inúmeros exemplos com os quais somos confrontados no nosso dia a dia.

No lugar de um novo e prometido grande salto, retrocedemos.

Perdemos o rumo.

Problemas antigos, como a inflação, por exemplo, que imaginávamos superados, estão de volta, atrasando a agenda nacional.”

São Paulo, 14 de junho de 2014.

Leia +

Eleições 2014 | Convenção nacional do PSDB confirma candidatura de Aécio Neves à Presidência da República

Eleições 2014 | Discurso de Aécio Neves após confirmação da candidatura a Presidência da República pelo PSDB

Eleições 2014 | Durante Convenção Nacional do PSDB, Aécio Neves fala de “Tsunami por mudanças”

Eleições 2014 | Senador Aécio Neves fala nos exemplos de Minas Gerais


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.