Domingo, 11/10/2015 — A visita de Dom Pedro II a Feira de Santana, realizada entre os dias 5 e 7 de novembro de 1859, consolidou a importância estratégica e política da vila no contexto do Império do Brasil. Durante a estada, o monarca foi hospedado no sobrado do coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira, na então Rua Direita, hoje Conselheiro Franco, que, à época, se transformou simbolicamente em Paço Imperial.
Recepção popular e eventos oficiais marcaram a presença do imperador
O próprio Dom Pedro II registrou, em seus escritos, que “houve mais entusiasmo na recepção da Feira de Santana que na de Cachoeira”, destacando o acolhimento oferecido pela população local. A visita incluiu eventos religiosos e sociais, como o beija-mão oficial, a celebração do Te Deum na capela matriz — hoje catedral — e ações filantrópicas, como a fundação da Santa Casa de Misericórdia, inicialmente denominada Imperial Asilo dos Enfermos, com recursos imperiais da ordem de dois contos de réis.
O vigário da vila, Padre José Tavares da Silva, e o orador sacro, Padre José Cupertino de Araújo, participaram da celebração litúrgica com a presença da família imperial, consolidando o papel da Igreja Católica na vida pública da então vila de Santana.
Concessão de honrarias reforça vínculos com a elite local
A visita foi também ocasião para a concessão de condecorações imperiais. Foram agraciados com a Ordem de São Bento de Aviz no grau de oficial:
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Felipe Pedreira de Cerqueira
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Coronel Joaquim Pedreira de Cerqueira
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Tenente-Coronel José Ferreira da Silva
Já a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, foi conferida a:
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Capitão Leonardo Pereira Borges
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Dr. Luiz Antônio Pereira Santos
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Tenente-Coronel Manuel Joaquim Pedreira Sampaio
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Sinfrônio Olympio Bacelar
O título honorífico de Cavaleiro da Ordem de Cristo foi entregue ao Padre José Tavares da Silva, vigário e capelão local, reconhecendo sua atuação religiosa na comunidade.
Motivações da visita e repercussões históricas
Segundo o escritor Godofredo Filho, em seu livro Dimensão Histórica da Visita de D. Pedro à Feira de Santana, o imperador foi atraído pela fama da feira livre e do comércio de gado e animais, que se expandia pelas ruas da vila. A presença de Dom Pedro II reforçou o prestígio da localidade, num momento em que o Império buscava consolidar sua autoridade nas províncias, integrando espaços comerciais e simbólicos ao projeto de centralização política e identidade nacional.
Perfil histórico: trajetória de Dom Pedro II, o último imperador do Brasil
Dom Pedro II nasceu em 02 de dezembro de 1825, no Palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Assumiu o trono ainda criança, após a abdicação de Dom Pedro I em 1831. Sua maioridade foi antecipada em 1840, num movimento político que ficou conhecido como Golpe da Maioridade, e foi coroado imperador no ano seguinte.
Durante seu reinado, o Brasil vivenciou relativa estabilidade institucional, apesar de conflitos como a Guerra do Paraguai (1864–1870). Pedro II dedicava-se ao conhecimento e à cultura, e promoveu uma política de revezamento entre liberais e conservadores, sustentando o equilíbrio político por décadas.
A crise do modelo monárquico, impulsionada pelo avanço do movimento republicano e pela assinatura da Lei Áurea em 1888, culminou na Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Exilado, o imperador faleceu em 5 de dezembro de 1891, em Paris.

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