
Com infinito amor e compaixão por aqueles desolados seres viventes, o príncipe Mahasattva pratica uma ação surpreendente: corta pedaços do seu próprio corpo e dá a sua carne para alimentar a tigresa, até o momento que, restabelecida a sua força, ela levanta e devora o menino.
Peregrinando pelo país dos budas, o Nepal, tive conhecimento de uma surpreendente e emocionante história de uma encarnação anterior do Buda Sakyamuni, Sidarta Gautama, fundador de uma das mais importantes tradições religiosas do mundo Terra.
Centenas de anos antes de vir a este plano como o príncipe Sidarta, do clã Sakya, o Tathágata nasceu na pele do príncipe Mahasattva, o mais novo dos três filhos do rei Maharatha.
Passeando pela floresta, Ele se depara com uma tigresa recém-parida e seus cinco filhotes. A tigresa estava tão enfraquecida pela fome que mal conseguia levantar a cabeça.
Com infinito amor e compaixão por aqueles desolados seres viventes, o príncipe Mahasattva pratica uma ação surpreendente: corta pedaços do seu próprio corpo e dá a sua carne para alimentar a tigresa, até o momento que, restabelecida a sua força, ela levanta e devora o menino.
O príncipe Mahasattva se ofereceu em holocausto para a salvação da tigresa e suas crias. Este episódio lembra o sacrifício do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, que foi imolado pela salvação de muitos.
Com esse ato o príncipe Mahasattva saiu da roda de samsara, do ciclo de nascimento e morte, e retornou ao mundo cinco séculos depois para alcançar a Iluminação, como o Senhor Buda, o Desperto.
Já encarnado como Buda, o Tathágata voltou a este lugar e narrou sua história aos discípulos. Reverentemente realizou 3 koras em volta da gruta da tigresa.
Kora é uma peregrinação do budismo tibetano, em que o devoto deve dar voltas em torno de um monumento, o circundando em contrição, recitando mantras.
O local desses feitos chama-se Namo Buda e fica a 40 quilômetros de Kathmandu, no vale do mesmo nome.
Diz-se que no Nepal não há uma única versão para nada. Neste sítio também ocorre isso: dois lugares distintos e próximos, duas grutas na montanha, disputam a primazia de ser o real espaço sagrado dos acontecimentos. Na dúvida, os devotos veneram um e outro local.
Grupos de crianças em seus uniformes escolares visitam o santuário, em alegre algazarra. Isso significa positivamente que, no Nepal, se promove educação religiosa nas escolas, a mais eficaz maneira de cultivar respeito e tolerância pelas crenças, em um Estado Laico.
Os budistas tibetanos denominam este santuário de Takmo Lujin, que significa “dar o próprio corpo para a tigresa”.
Diz a lenda que no lugar onde os pais do menino príncipe encontraram os seus ossos, edificou-se uma estupa, e ali os guardou. Esta estupa é uma das três mais importantes do Vale de Kathmandu.
Estupa é um monumento religioso que vem da tradição budista tibetana. De formato cônico, ovalado, representa a mente de todos os budas. Também é templo, altar ou urna funerária (relicário).
Na montanha sagrada onde ocorreram esses feitos, edificou-se um monastério budista, que se constitui em um grande complexo religioso, para estudo e práticas meditativas dos monges — e também de peregrinos como este que vos escreve.
”Olhai ao vosso redor e contemplai a vida.
“Tudo é passageiro e nada duradouro. Só nascimento e morte, crescimento e decadência, combinação e dissolução.
“A glória do mundo é como uma flor esplêndida pela manhã e murcha à tarde.
“O Senhor Buda sentiu os males da vida. Viu a vaidade na infelicidade do mundo, e procurou a salvação em algo imperecedouro e permanente.
“Vós que aspirais a Vida, sabei que a imortalidade se oculta no ser perecedouro. Vós que desejais a felicidade sem germes de inquietude ou de desgosto, siga os conselhos do Grande Mestre e conduzi-vos retamente. Vós que desejais avidamente riquezas, vinde e recebereis os tesouros eternos”.
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