Condução coercitiva sem intimação lembra estado de exceção, diz defensor do ex-presidente Lula

Advogado avalia que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de abuso de autoridade, e que condução coercitiva sem intimação lembra estado de exceção.
Advogado avalia que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de abuso de autoridade, e que condução coercitiva sem intimação lembra estado de exceção.

O advogado do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, disse hoje (04/03/2016) que a condução coercitiva a que Lula foi submetido afronta a Constituição Federal e viola o devido processo legal. Segundo Martins, as justificativas apresentadas pelos procuradores federais para a medida, como a segurança do investigado, configuram estado de exceção.

“É um dos maiores absurdos que já ouvi. Se, por uma questão de segurança, isso permitir a um magistrado promover a condução coercitiva de qualquer cidadão, nós estamos então em um estado de exceção. A condução coercitiva, tal como prevista em lei, é uma medida que só se justifica se a pessoa for intimida para prestar o depoimento e não comparecer. Essa fundamentação [dos procuradores] não está nem na Constituição Federal, nem na lei. É uma criação”, disse o advogado, em entrevista coletiva, após o pronunciamento do ex-presidente Lula.

Segundo Martins, que acompanhou o ex-presidente durante o depoimento no Aeroporto de Congonhas, as perguntas feitas nesta sexta-feira a Lula já haviam sido respondidas por ele em outras ocasiões, e não justificam uma medida drástica como a condução coercitiva do investigado. “Aquilo que motivou a condução coercitiva, o objeto da investigação, consiste em perguntas já feitas e respondidas pelas ex-presidente Lula em outros depoimentos. Não havia nenhuma pergunta nova a ser feita, todos os esclarecimentos feitos hoje já haviam sido prestados pelo ex-presidente em depoimentos anteriores.”

“O próprio delegado federal que colheu o depoimento disse, muitas vezes: ‘eu já sei que o senhor respondeu isto em outro depoimento, mas eu tenho que perguntar’. Se já sabia a resposta, por muito mais não se poderia cogitar de uma condução coercitiva para aquilo cuja resposta já era conhecida”, afirmou o defensor de Lula.

Para Cristiano Zanin Martins, a medida adotada hoje pela Polícia Federal foi uma afronta ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que a defesa do ex-presidente Lula havia solicitado, há uma semana, que os ministros da Corte decidissem qual a competência para investigar o ex-presidente. “Nós tínhamos pendente de apreciação no STF um pedido justamente para definir se essas investigações deveriam estar a cargo da Justiça Federal ou da Justiça Estadual, do ministério Público Estadual ou Federal. Os dois estão investigando os mesmos fatos. E essa medida de força ocorreu antes que o STF tenha proferido decisão”, ressaltou.

Martins criticou ainda o núcleo de autoridades que comanda as investigações em Curitiba. Segundo o advogado, o grupo criou e segue leis próprias, que não estão na Constituição Federal. “Hoje existe uma célula em Curitiba que, a pretexto de combater a corrupção, usa de uma constituição própria, que não é a constituição escrita pelo povo brasileiro, e não segue as Leis do país.”.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.