

Nosso encontro de hoje (06/05/2016) homenageia um casal de escritores que fizeram da Bahia o centro do seu mundo, e cuja literatura levou a Bahia para o mundo inteiro.
No ano do centenário de Zélia Gattai, celebramos a pessoa e a obra dessa paulistana que se tornou baiana ao longo de uma vida dedicada à Bahia e àquele que é a maior referência literária do povo baiano.
Também estamos firmando um convênio para aquisição de equipamentos e mobiliário para o Teatro Municipal de Ilhéus, aquela Ilhéus que Jorge Amado transfigurou em suas obras e projetou na memória coletiva dos brasileiros.
A literatura brasileira sempre teve como um dos seus pontos fortes a recriação, podemos dizer a “recriação transfigurada”, dos ambientes e das histórias individuais com que um escritor se deparou ao longo de sua vida.
Tanto Jorge quanto Zélia escreveram obras onde memória e imaginação se unem para a recriação de um Brasil que eles conheceram como ninguém e que souberam recriar com genialidade.
O Espaço Zélia Gattai celebra a importância desta militante que se tornou escritora, depois de muitas décadas acompanhando a vida e o trabalho do maior romancista baiano. A história de amor entre Jorge Amado e Zélia é conhecida de todo o Brasil, e se mistura com a história da Bahia e com a história do Brasil.
Companheira de Jorge durante a vida inteira, Zélia compartilhou com ele os anos difíceis de perseguições e de exílio e, depois, os anos atribulados da fama, das viagens, dos compromissos.
Foram muitos anos até que sua própria vocação literária desabrochasse e ela começasse a produzir seus próprios livros, que encontraram imensa acolhida por parte do público, e que depois a levaram à Academia de Letras de Ilhéus, à Academia Baiana e à Academia Brasileira de Letras.
Zélia não se considerava uma escritora, e sim uma memorialista. A matéria principal dos seus escritos, quando decolou em sua carreira, foi a infância difícil de filha de migrantes na São Paulo do começo do século.
Tal como Jorge, ela tinha um olhar atento e uma memória precisa para o registro dos tipos populares, das figuras humanas, das pequenas cenas do cotidiano que enriquecem uma obra literária e a deixam ancorada na vida comum de todos nós.
Uma literatura feita de um amplo conhecimento do mundo e que se realiza ao recriar o Brasil, os tipos brasileiros que encontramos nas ruas e no trabalho, com seu perfil único, seus traços pitorescos. E revelando, por trás de tudo, as forças poderosas da História, dos movimentos sociais que transformam essas vidas, produzem reviravoltas, colocam cada indivíduo de frente a desafios e revelações.
Nos momentos difíceis por que passa o nosso país, encontramos na nossa literatura, na nossa melhor literatura, uma bússola que nos aponta a direção para onde devemos seguir. Essa direção é a direção para onde se encaminha o povo brasileiro, os seus desejos, as suas aspirações, o seu projeto coletivo de nação, que cabe tanto aos políticos quanto aos escritores compreender e seguir.
A obra de Jorge e de Zélia mostra o nosso povo em sua riqueza cultural, em sua nobreza moral, sua alegria de viver. Mostra os nossos defeitos, as nossas superações. Mostra o que somos como povo e mostra aquilo em que poderemos nos tornar; mostra os valores profundos que sinalizam nossa originalidade como povo no meio de tantos outros.
Rendemos a eles a nossa homenagem, sabendo que o Brasil que eles sonharam é o Brasil que continuamos sonhando. Um Brasil de justiça social e de riqueza espiritual, um Brasil de todos os brasileiros.
A criação deste Espaço Zélia Gattai junto à Fundação Jorge Amado exprime de uma maneira bela e simbólica a união desse casal de escritores que percorreram o mundo inteiro mas estarão para sempre ligados à história da Bahia. Juntos, para sempre.
*Discurso do ministro João Luiz Silva Ferreira (Juca Ferreira) para a solenidade de assinatura de convênio entre MinC e Secretaria da Cultura da Bahia para a promoção da primeira etapa da reforma do Espaço Zélia Gattai, a ser implantado no Pelourinho, em Salvador, em 6 de maio de 2016.
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