Quarta-feira, 30/11/2016 — A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira a 12ª fase da Operação Acrônimo, voltada ao combate de esquemas de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais com ramificações em contratos públicos. Nesta etapa, os mandados de condução coercitiva e busca e apreensão tiveram como foco principal supostas fraudes em licitações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de Tocantins, com envolvimento de agentes públicos e empresários.
Entre os alvos da operação está o deputado estadual José Eduardo Siqueira Campos (DEM), que foi conduzido para prestar depoimento na Superintendência da PF. A ação ocorreu na residência do parlamentar, onde os agentes apreenderam um computador e documentos. Apesar de tentarem localizá-lo inicialmente na Assembleia Legislativa de Tocantins, os policiais o encontraram em casa, no início da manhã.
Segundo informações da assessoria de Siqueira Campos, o mandado judicial não detalhava o objeto da investigação nem a qual inquérito estava vinculado. A equipe do deputado declarou ainda que ele está colaborando com as autoridades e permanece à disposição para esclarecimentos.
Ligação com delação premiada de empresário
O nome de Siqueira Campos já havia sido mencionado anteriormente na operação, por meio da delação premiada do empresário Benedito Oliveira, conhecido como Bené, investigado por envolvimento em irregularidades em campanhas eleitorais. Bené relatou ter pago R$ 600 mil em propinas a agentes públicos, incluindo o parlamentar e o então diretor do Detran, coronel Júlio César Mamede — também alvo de condução coercitiva na mesma fase da operação.
A suposta vantagem indevida teria ocorrido quando o pai do deputado, José Wilson Siqueira Campos, ocupava o cargo de governador do Estado. Em pronunciamento anterior, o deputado negou qualquer recebimento de valores ou vantagens ilícitas, por ele ou por seus assessores.
Investigação iniciada em 2015
A Operação Acrônimo teve início em maio de 2015, após a apreensão de R$ 113 mil em espécie transportados em uma aeronave que pousou no Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek. Desde então, a investigação desdobrou-se em diversas fases, focando no financiamento ilícito de campanhas eleitorais, lavagem de dinheiro, e fraudes em contratos públicos, sobretudo com gráficas e agências de comunicação.
Na 12ª fase, os mandados foram cumpridos nos estados de Tocantins e no Distrito Federal, com atuação conjunta da PF, Ministério Público Federal e autorização judicial. A operação, por decisão judicial, segue com detalhes sob sigilo, limitando o acesso público às informações sobre os alvos e o escopo completo da investigação.
Contexto político e institucional
A condução de um parlamentar estadual em exercício reflete o avanço das investigações sobre práticas de corrupção sistêmica, especialmente na relação entre contratos públicos e financiamento eleitoral irregular. A referência direta a familiares de ex-governadores e diretores de autarquias estaduais reforça o padrão identificado em outras fases da operação, que apontam para esquemas de continuidade administrativa e de influência política sobre órgãos públicos.
Embora a condução coercitiva seja um instrumento legal à disposição da autoridade policial, seu uso contra agentes públicos de mandato eletivo costuma gerar debate sobre limites constitucionais, prerrogativas parlamentares e direito à ampla defesa, especialmente quando não há denúncia formal ou prisão preventiva decretada.
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