
Com o título ‘Um documento importante’, no sábado, 4 de agosto de 1973, na coluna “Pois é” que assinava no jornal Feira Hoje, o jornalista, advogado, escritor e historiador Helder Alencar brindou os leitores com este artigo que vale a pena ver de novo:
– As desavenças políticas, lideradas pelo cel. Quintiliano Martins da Silva, e o acentuado progresso do Arraial, muito contribuíram para que a sede fosse transferida do núcleo inicial, em São José das Itapororocas para Santana da Feira, criando-se em 1823, 13 de novembro, instalando-se em 18 de setembro de 1833, a Vila Nova de Santana da Feira.
As lutas políticas decorreram durante a década de vinte do século passado e o progresso do Arraial também acentuou-se nesta época, pois em 1819, quando aqui estiveram os sábios Von Sjoc e Von Martius, nada tinha para ser apresentado. Tanto que em seus relatórios de viagem, os sábios falam, apenas, em um pequeno lugarejo, o que nos faz acreditar ser o desenvolvimento muito lento e muito vagoroso naquele começo de século.
Progrediu, contudo, o arraial, a ponto de superar São José das Itapororocas, sede da Vila, núcleo central, ponto dirigente da política e da religião, situado na área desmembrada por João Peixoto Viegas e sua mulher. Peixoto Viegas mantinha inúmeros contatos com os índios Paiaiás, usando-os, inclusive, para desbravar terras onde ele julgava ter minas.
Um dos documentos mais importantes para a criação da Vila e do Município da Feira e Santana encontra-se no Arquivo Público do Estado, às páginas 46 e 46 v., das Correspondências para o Governo Imperial, 1830 – 1831.
A carta, datada de 9 de junho de 1830, é assinada pelo Presidente da Província da Bahia, Luiz Paulo de Araujo Bastos e endereçada ao Marquês de Caravelas.
É a recomendação da Província para que o Arraial de Santana da Feira passasse de distrito a Vila. É de suma importância e são poucos os que dele têm conhecimento. O documento é assinalado com os dizeres: Império Nº 41.
Eis a sua íntegra:
“Ilmo. e Exmo. Snr.
Parece não haver dúvida que a povoação da Feira de Santa Ana, distrito da Vila de Cachoeira desta Província, está em circunstâncias de ser erigida em Vila, pelo grande número de seus habitantes e vantajoso comércio que tem, conforme resolveu o Conselho do Governo em sessão ordinária de 3 do corrente ande foi presente o aviso expedido em 13 de julho do ano passado, pelo antecessor de V. Excia. Acompanhando a representação junta aos povos daquele distrito, sobre a qual precedera informação do Ouvidor desta Comarca que também vai inclusa. O que sim me cumpre participar.
Deus guarde a V. Excia.
Palácio do Governo da Bahia, 9 de junho de 1830.
Ilmo. e Exmo. Snr. Marquês de Caravelas. O Presidente Luiz Paulo de Araujo Bastos.”
Inegavelmente este documento muito contribuiu para que o distrito passasse a Vila. Foi a recomendação oficial. A palavra do Presidente da Província, após ter ouvido o Conselho do Governo, que, por seu turno, baseou-se na Informação do Ouvidor da Comarca.
Teve, pois, o Presidente da Província da Bahia, em 9 de junho de 1830, participação direta na criação da Vila Nova da Feira. Falava no progresso, mas, por certo, não sonhava que a Feira que ele ajudou a transformar em Município, atingiria, anos depois, este magnífico estágio de desenvolvimento, evolução e progresso, que assombra a muita gente, particularmente aos que não estão preparados para acompanhar a sua vertiginosa ascensão.
*Adilson Simas é jornalista e publica histórias sobre a cidade de Feira de Santana. Nessa aspecto, republicou artigo de Helder Alencar.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




