Brasil tem primeira greve geral depois de 21 anos

Manifestantes participam de protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência.
Manifestantes participam de protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência.

Liderada por centrais sindicais, greve deve atingir aeroportos e transportes públicos, como ônibus, metrôs e trens. A última greve geral no Brasil ocorreu em 1996, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

As reformas trabalhista e da Previdência são o principal motivo dos atos, previstos em todos os 26 estados e no Distrito Federal. As categorias que vão paralisar variam em cada estado – e a lista é extensa: professores, bancários, servidores públicos, aeroviários, rodoviários, ferroviários, portuários, metalúrgicos, petroleiros, vigilantes, policias federais, civis e rodoviários, etc.

Em São Paulo, além das escolas públicas, professores de mais de cem escolas particulares vão cruzar os braços. Cerca de 30 sindicatos de várias categorias farão uma caminhada até a residência do presidente Michel Temer na capital paulista.

A oposição, especialmente o PT, está à frente da organização da greve geral, ao lado de movimentos como CUT, Força Sindical e outras dezenas de sindicatos pelo país.

“A greve é para que não sejamos colocados como trabalhadores de terceiro nível, sem nenhum direito, sem nenhuma proteção”, afirmou o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Nos aeroportos de grandes cidades – inclusive Guarulhos, em São Paulo – acontecem manifestações nesta manhã, sem horário previsto para o término. A diretora do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, afirmou à RFI que a greve não diz respeito a reivindicações corporativas. “Essa greve não é uma greve das categorias, é uma greve do povo trabalhador contra a política de terra arrasada deste governo golpista”, declarou.

Aeroviários versus aeronautas

O Sindicato Nacional dos Aeroviários é o maior da categoria. Os aeroviários fazem serviços de manutenção nas aeronaves e outras funções ligadas à operação. Também fazem parte da categoria profissionais que trabalham nos balcões das companhias aéreas e controladores de voo. Diante da greve, companhias avisaram que os passageiros com voos marcados nesta sexta-feira poderão trocar as passagens sem custos.

Já o Sindicato Nacional dos Aeronautas, de pilotos e comissários de voo, decidiu não aderir à greve. Isso porque, depois de muita pressão, a Câmara dos Deputados atendeu os dois pedidos da categoria, que foi excluída do artigo da reforma trabalhista que permite contrato de trabalho intermitente.

Os deputados também aprovaram emenda que exclui a possibilidade de demissão por justa causa dos aeronautas que eventualmente perderem licenças, habilitações ou certificados para o exercício da profissão.

A reforma trabalhista foi aprovada na Câmara na última quarta (26), mas ainda depende de aprovação no Senado.

Greve reflete baixa popularidade de Temer

A mobilização vai ocorrer em meio à baixa popularidade do presidente Temer. Segundo pesquisa da consultoria Ipsos divulgada esta semana, apenas 4% dos brasileiros aprovam o governo atual enquanto 92% acreditam que o Brasil está no rumo errado.

O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) minimizou a greve.

“Não deve ter sucesso”, disse. “Vão criar um desconforto nas grandes capitais, é um tiro no pé da própria oposição”.

A história das greves gerais

A greve de 28 de abril ocorre 100 anos depois da primeira greve geral no Brasil, realizada por operários do Rio de Janeiro e São Paulo. Durante o governo de José Sarney, foram três: em 1986, 1987 e 1989.

Na gestão de Fernando Collor houve greve geral em 1991. A última greve geral foi em 1996, durante o governo de FHC, contra o desemprego, as privatizações e a flexibilização dos direitos trabalhistas.

*Com informação da RFI.


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