Para Libération, presidente Michel Temer é um “cadáver político”

24/05/2017- Brasília- DF, Brasil- Reunião com Senadores do PMDB. Foto: Marcos Corrêa/PR
Presidente Michel Temer é investigado pela PGR por obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Inquérito foi autorizado pelo ministro do STF Edson Fachin.
Presidente Michel Temer é investigado pela PGR por obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa. Inquérito foi autorizado pelo ministro do STF Edson Fachin.
Segurança é reforçada no Palácio do Planalto.
Segurança é reforçada no Palácio do Planalto.
Violentos confrontos entre polícia e manifestantes nesta quarta-feira em Brasília, 24 de maio de 2017.
Violentos confrontos entre polícia e manifestantes nesta quarta-feira em Brasília, 24 de maio de 2017.

A imprensa francesa desta sexta-feira (26/05/2017) continua repercutindo a crise política no Brasil. Os jornais Libération e Les Echos trazem matérias sobre os escândalos de corrupção e a resistência do presidente Michel Temer no poder, descrito como “um cadáver político”.

“Brasil: Temer, o destituidor, prestes a ser destituído” é o título de uma matéria de página inteira do jornal Libération. “Agora é a vez de o presidente artesão do impeachment de Dilma Rousseff estar em maus lençóis, imerso em casos de corrupção. Na quarta-feira, em Brasília, 35 mil pessoas pediram sua renúncia”, escreve Libé.

A jornalista Chantal Rayes descreve Michel Temer como “um presidente fraco e impopular” que hoje, segundo ela, é “quase um cadáver político”. As investigações da operação Lava Jato, que tiraram Dilma Rousseff da presidência podem destituir um segundo chefe de Estado em apenas um ano, escreve o diário, lembrando que o presidente brasileiro é acusado de corrupção, participação em organização criminosa e obstrução do trabalho da justiça, “situação inédita protagonizada por presidente desde Fernando Collor, em 1992”.

Para o jornal progressista, a decisão de Temer de convocar o exército para conter as manifestações foi algo “extremo, que fez os brasileiros lembrarem dos anos de ditadura militar”. Se o recurso deveria ser uma demonstração de força, ele sobretudo destacou a a fragilidade de Temer. “Vinte quatro horas depois, o chefe de Estado reviu sua decisão e retirou as tropas das ruas”, sublinha Libération.

“Seria essa uma vingança do destino contra o homem que puxou o tapete de Dilma?”, questiona o jornal. Mas a própria ex-presidente lamenta a desgraça que vive a política brasileira e se diz muito preocupada com a situação, escreve o diário. Enquanto isso, Temer se recusa a deixar a presidência, mas as articulações para substitui-lo já começaram até mesmo dentro de seu próprio partido, ressalta Libération.

Brasil nocauteado pela corrupção

Já o jornal Les Echos traz uma análise, também de página inteira, de seu correspondente em São Paulo, Thierry Ogier. “O Brasil nocauteado pela corrupção” é o título do artigo que sublinha que os escândalos que sufocam o país. “As novas revelações sobre Michel Temer sacodem novamente a democracia brasileira e diminuem as esperanças de recuperação econômica, depois de dois anos de recessão”, escreve Les Echos. A situação, lembra o diário econômico, se repete há décadas, sob a coordenação de uma classe política que pensa que tudo pode.

“Duzentos milhões de brasileiros, exaustos dos escândalos de corrupção, têm a impressão de rever um filme ruim”, escreve o repórter Thierry Ogier. O jornalista sublinha que, apesar da forte repressão contra a corrupção nos últimos anos, que colocou muitos políticos e empresários na prisão, os escândalos continuam se perpetuando.

Além disso, não há esperanças para que a situação mude tão cedo, já que todos os partidos políticos estão envolvidos em irregularidades, reitera o diário econômico. Pior ainda, o cansaço dos brasileiros em relação a seus políticos, pode abrir portas para “outsiders” nas eleições de 2018, e dar espaço a políticas populistas. A única certeza neste momento é que o Brasil paga caro pelas falhas e desvios de sua classe política, o que não dá margem ao mínimo de otimismo, conclui Les Echos.

*Por Daniella Franco, da RFI.


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