
Com a marca do historiador Antônio Moreira Ferreira, o Antônio do Lajedinho, vale a pena ler o texto “As Primeiras Fábricas”, nas páginas 113 a 115 do livro “A Feira no Século XX”, editado em 2006 pelo festejado cronista da Feira de Santana.
– O gosto por vinhos é uma herança dos europeus.
Embora tenha trazido também a uva um pouco mais tarde, somente depois da segunda guerra mundial, o vinho tornou-se acessível às classes pobres.
O brasileiro sempre foi criativo e, não tendo uvas para fazer vinhos, logo encontrou na jurubeba, no abacaxi, no jenipapo, no maracujá, no caju e em outras frutas, substitutos para a fabricação de vinhos equivalentes.
Assim o químico Paulo da Costa Lima criou, em 1924, os vinhos de diversas frutas e montou em Feira de Santana a primeira fábrica de grande porte: Fábrica Leão do Norte.
Quando a cidade tornou-se pequena para abrigar, levou-a para Salvador onde existe até hoje dentro dos parâmetros atuais.
Ficaram os seus discípulos: Francisco Ferreira da Silva, Francisco Valadares, Emídio Trindade, Afonso Rico, Janico Aguiar e Durval Lago, até que o progresso de após guerra, em 1945, popularizou o vinho de uva e sepultou as pequenas fábricas de vinho e vinagre.
Também as primeiras fábricas de doce aqui em Feira, como em todo mundo, foram artesanais, sendo as filhas do Coronel Tertuliano Almeida as primeiras a empregar vendedoras de guloseimas.
Dona Aurelina, filha do capitalista Juca Silva e posteriormente esposa de Anacleto Figueiredo Mascarenhas, foi a criadora em Feira de Santana de uma “cesta de balas”, onde vendia, desde o “queimado” (cinco balas enroladas separadamente e em um mesmo papel), até o chocolate trazido de Salvador.
Era permitida a venda dentro do cinema ou em qualquer evento.
Foi em 1950 que os queimados deram lugar para a primeira fábrica de balas em moldes de indústria, com o nome de Fábrica Guanabara, propriedade de Marivaldo Pereira Franco e Carlos Simões Oliveira.
Foi instalada na Rua Marechal Deodoro, nas proximidades da Casa da Borracha, sendo a parte da frente destinada à venda e entrega de mercadorias e, no fundo, num espaço amplo, o setor de fabricação e embalagem.
Embora produzisse os mais variados tipos de caramelos, era o “café com leite” o mais procurado em todo o Estado da Bahia.
Em 1953, foi a última vez que vi meu amigo Carlos Simões de Oliveira.
Por uma grata coincidência encontrei seu filho, que conheci criança, Dimas de Oliveira, que atualmente é um dos competentes editores do jornal Folha do Estado.
Vendo tantas crianças que vi em minha maturidade, hoje quarentonas, é que sinto a realidade de ter vivido um sexto dos quinhentos anos do Brasil…
*Adilson Simas é jornalista.
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