Há cinco anos após o fim da ditadura militar, a Bahia testemunhava uma jornada desafiadora protagonizada por Antônio Carlos Magalhães, o ACM. Enfrentando uma campanha contrária, o político baiano buscava retornar ao cargo de governador pelo voto popular, marcando um novo capítulo na política estadual. Sob os ataques de Geraldo Walter, publicitário à frente da campanha de Luiz Pedro Irujo, ACM foi satirizado em uma peça inspirada em “O Grande Ditador”, onde um sósia brincava com uma bola nas cores da bandeira baiana.
Surpreendentemente, ACM triunfou no primeiro turno, consolidando a disputa como um marco no marketing político brasileiro. Em 1994, os vencedores e perdedores daquela eleição, Fernando Barros e Geraldo Walter, uniram-se para eleger Fernando Henrique Cardoso à Presidência, inaugurando uma era de domínio baiano nas campanhas eleitorais do país. Desde então, Nizan Guanaes, Duda Mendonça e João Santana destacaram-se, liderando campanhas vitoriosas.
A ascensão dos marqueteiros baianos foi marcada por uma revolução tecnológica, como destaca Fernando Barros, presidente da agência Propeg. Ele menciona o uso de tecnologias avançadas e a reunião dos melhores profissionais de diversas áreas, elevando o marketing político a um novo patamar. A parceria de Barros, Walter e Guanaes na campanha de FHC consolidou essa estratégia, resultando na eleição do presidente em primeiro turno, impulsionado pelo sucesso do Plano Real.
No entanto, a trajetória dos marqueteiros baianos enfrentou turbulências com escândalos de corrupção, que afastaram expoentes importantes da política. João Santana, após sucesso internacional, foi envolvido na operação Lava Jato, questionando o futuro do marketing político baiano.
Fernando Barros atribui o sucesso dos baianos no marketing político a fatores históricos, destacando o papel de Salvador como capital do Brasil e a ausência de um setor industrial forte na Bahia. O poeta Gregório de Matos é apontado como o primeiro marqueteiro político brasileiro, utilizando sua eloquência para atacar governos.
A contribuição da Bahia ao cenário político nacional, entretanto, enfrenta desafios. Gaudêncio Torquato destaca a mudança na forma de fazer campanha no Brasil com a ascensão dos marqueteiros baianos, impondo uma visão publicitária mais emocional. Duda Mendonça, conhecido como responsável pela “McDonaldização” do marketing político, viu sua carreira afetada pelo escândalo do mensalão, passando o bastão a João Santana, cujo envolvimento na Lava Jato trouxe incertezas.
Às vésperas das eleições de 2018, a primazia baiana está em xeque. Figuras como Sidônio Palmeira e Mauricio Carvalho buscam ocupar o espaço deixado pelos figurões do passado. Contudo, analistas divergem sobre a continuidade do domínio baiano, questionando se a maturidade dos eleitores brasileiros e as proibições de doações empresariais impulsionarão uma nova era no marketing político.
*Com informações de João Fellet, da BBC Brasil.


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