Perita baiana transformou sentimento em mobilização contra a violência doméstica

Perita Médica Legista, Ana Maria Soares Rolim, é representante do Departamento de Polícia Técnica no comitê gestor da Ronda Maria da Penha.
Perita Médica Legista, Ana Maria Soares Rolim, é representante do Departamento de Polícia Técnica no comitê gestor da Ronda Maria da Penha.

“O perito não pode se envolver com a vítima, precisa ter um distanciamento”. Essa foi a frase ouvida pela iniciante Perita Médica Legista, Ana Maria Soares Rolim, quando começou a atuar no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, em 1995. Desde o início da carreira atuando na área de sexologia, realizando perícias em mulheres e crianças vítimas de abusos, ela lembra que a sensibilidade feminina falou mais alto do que a máxima então reinante, da profissão.

“Todos os casos me chocavam, mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, e comecei a me questionar, de que forma podemos apoiar essas vítimas, que já chegam muito vulnerabilizadas? O que esperar da instituição (DPT)?”, relembra Ana Rolim, que aos poucos começou a mudar essa relação perito / vítima, usando o sentimento de indignação para iniciar uma mobilização contra a violência doméstica.

O que a médica perita fazia intuitivamente, aos poucos começou a se desenhar como a melhor forma de trabalhar com mulheres e crianças vítimas de violência intra familiar.

“Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Lei Maria da Penha isso mudou, e atualmente esses documentos balizam a atuação policial em casos dessa natureza”, explica Rolim.

Maria da Penha

Para ela, as vítimas desse tipo de violência passam por mais de uma agressão até decidirem fazer a denúncia. “Esse segredo quando é revelado, causa um tumulto em toda a família, porque geralmente o pai ou padrasto é o provedor da família”, descreve a médica, que atualmente é a coordenadora médica do IML.

“O mínimo que podemos fazer é apoiá-las, que não é a única nessa situação, que existe uma rede de proteção criada, envolvendo várias instituições”, detalha.

Natural de Salvador, casada e mãe de dois filhos, Lara de 15 anos e Marcos Paulo de 12, Ana Rolim é professora de Pediatria na Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, e de Medicina Legal na Unifacs. A escolha da carreira foi influenciada pelo pai, que foi major médico do Corpo de Bombeiros.

“Passei simultaneamente em dois concursos, do DPT e da PM, mas os cursos de formação começaram a chocar horários, e como já havia estagiado lá, com o Doutor Raul Barreto Filho, acabei optando pela perícia”, disse.

Representante do DPT no comitê gestor da Ronda Maria da Penha, Ana Rolim leciona também na Academia da Polícia Civil (Acadepol) e em 2017 apresentou a tese de mestrado na Universidade Federal da Bahia (Ufba), ‘Violência doméstica contra crianças e adolescentes’.

*Com informações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP Bahia).


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.