
Os gravetos se arrastavam às margens do Rio Senna, na Cidade Luz (sempre Paris) e esta é a origem do nome da Place de Grève, local de desembarque de navios e frequentado por desempregados e operários insatisfeitos com as condições de trabalho que reivindicavam melhores condições de trabalho. Este local, que em 1806 passou a ser denominado Place de l´Hôtel de Ville, dá origem ao termo greve. Pois lá, submetidos a condições de trabalho típicas do início da Revolução Industrial, às vezes os trabalhadores cruzavam os braços.
Em épocas de tensionamento das reivindicações da classe laboral nas negociações com o patronato, a greve é um instrumento historicamente utilizado e universal do movimento sindical. As pautas das chamadas campanhas salariais dos sindicatos dependem de cada ocasião, categoria, local etc. Entretanto, desde sempre existem duas demandas básicas dos trabalhadores nos movimentos paredistas: melhores condições de trabalho e reajuste salarial.
As greves no Ocidente foram intensificadas com a sua legalização. No Brasil, o primeiro grande movimento grevista ocorreu na paulicéia (sempre São Paulo), na greve geral de 1917.
Todos estamos acostumados a conviver com estes movimentos, que se tornaram comuns nas épocas de data-base de diversas categorias.
O enfoque da mass media geralmente é baseado em dois pilares: andamento das negociações entre os representantes do capital e os dirigentes sindicais e os prejuízos que as paralisações de serviços públicos e/ou privados causam à população.
Geralmente, quando assistimos na telinha as reportagens com as pessoas de uma cidade de alguma forma afetada por uma greve há dois comportamentos básicos: apoio às reivindicações dos trabalhadores ou críticas pela paralisação de serviços.
E qual a grande quebra de paradigma desta “greve das greves”? Mesmo cerceados no nosso direito de ir e vir com a falta de combustível, há um apoio generalizado da opinião pública à greve dos caminhoneiros, que neste caso inusitado é também fomentada pelo patronato: os donos das transportadoras.
A carestia dos preços dos combustíveis resultou na sintonia de interesses de uma pauta reivindicatória. Empregados e patrões unidos numa causa comum. Capital e classe laboral em convergência.
O apoio da população, mesmo diante das adversidades, advém do preço exorbitante dos combustíveis, cujos reajustes constantes sempre pesam cada vez mais no bolso de todos nós. O movimento colocou na ordem do dia o debate sobre a necessidade de discussão do valor dos combustíveis, composto em quase 50 % de carga tributária. No caso da gasolina, os impostos, segundo a Petrobrás, representam exatamente 45 % do preço ao consumidor. Parlamentares da direita e da esquerda, invariavelmente, se pronunciam com foco na importância da urgência deste debate pelos Governos Federal e estaduais (a carga do ICMS é pesada) ; setor privado e outros players.
Está decretado o estado de Garantia da Lei e da Ordem pelo presidente da República. A edição desta medida no Diário Oficial garante o uso da força pelos militares para conter o desabastecimento generalizado de combustíveis que, perdurando a greve, geram a falta de produtos essenciais para todos.
Está circulando na web um VT onde um comboio da Polícia Militar de Minas Gerais passa por uma concentração do movimento paredista com palavras e gestos de apoio. Então, qual será o comportamento das tropas nesta conjuntura?
Eis uma pergunta essencial para a definição dos próximos passos da “greve das greves”.
*José Pedro Garcia Castro é bacharel em Comunicação Social, assessor de imprensa especializado em assessoria política e sindical e diretor-executivo da Teia Comunicação.
*E-mail de Pedro Castro <ascompedrocastro@gmail.com>.
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