Le Monde: convocar Exército contra greve dos caminhoneiros é decisão “extrema”

Policiais Militares (PMs) escoltam caminhões-tanque.
Policiais Militares (PMs) escoltam caminhões-tanque.
Policiais Militares (PMs) escoltam caminhões-tanque.
Policiais Militares (PMs) escoltam caminhões-tanque.

A greve dos caminhoneiros que paralisa o Brasil há sete dias é tratada pelo jornal Le Monde deste sábado (26/05/2018). A correspondente do diário em São Paulo avalia que a decisão do presidente brasileiro, Michel Temer, de convocar as Forças Armadas para desbloquear as estradas é “extrema” e demonstra sua “fragilidade”.

“O Brasil faz o Exército intervir para acabar com a greve dos caminhoneiros” é manchete da matéria assinada pela jornalista Claire Gatinois. Ela explica que a manifestação dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel que já dura cinco dias deixa o país “à beira do caos”.

“Bloqueando as principais estradas em 25 Estados do país, até a capital Brasília, os caminhoneiros impedem o transporte de gasolina, medicamentos, frutas e legumes, água e outros produtos”, publica Le Monde. O jornal também fala da anulação de diversos voos, da paralisação dos transporte públicos em algumas cidades, da falta de alimentos nos restaurantes e das imensas filas nos postos de gasolina.

Temer encurralado pela greve

Para o jornal, o presidente Michel Temer foi “encurralado” pela greve e decidiu empregar “o mais extremo dos métodos” para colocar um fim ao conflito: convocar as Forças Armadas, contra um bloqueio que atribuiu à “uma minoria radical”. “Evocando uma ação ‘enérgica’, o governo explicou que os militares seriam autorizados a conduzir os caminhões e a prender os resistentes”, reitera Le Monde.

Segundo o diário, não há dúvidas de que o pano de fundo da greve dos caminhoneiros é a crise política no Brasil. “Com a eleição presidencial sendo realizada em outubro, a mensagem autoritária do presidente destaca a fragilidade de um governo próximo do fim e historicamente impopular”, salienta a correspondente.

Depois de descartar ser candidato nas eleições, o presidente, “cercado por diversos escândalos de corrupção, se mostra incapaz de dialogar com uma sociedade brasileira enfurecida”. Por isso, segundo Le Monde, convocar o Exército parece ter sido sua única opção.

Além disso, o jornal também explica que a tensão criada pela greve dos caminhoneiros mostra o quanto o Brasil ainda é dependente das rodovias e o que ainda faltam investimentos em infraestruturas no país. “Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), 61% das mercadorias são transportadas por terra, 21% por vias férreas, 13,6% por vias marítimas e 0,4% por vias aéreas”, destaca.

Reação “preocupante” do governo

O jornal La Croix avalia que a greve que toma um caminho preocupante no Brasil, devido à decisão do presidente de convocar o Exército. Segundo o diário, a rigidez do governo inquieta a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que se preocupa com a segurança dos grevistas. Ela pediu que a categoria dê sequência à mobilização, mas sem paralisar as estradas.

O diário descreve o Brasil como “um país bloqueado” pela mobilização, com falta de combustíveis e de alimentos. “No aeroporto de Brasília, mais de 30 voos foram cancelados, inclusive dois internacionais, porque as reservas de querosene se esgotaram”, escreve La Croix, ressaltando que, de acordo com a Infraero, dez outros aeroportos brasileiros enfrentam a mesma situação.

*Por Daniella Franco, da RFI.


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