Amor ao livro | Por João Baptista Herkenhoff

Artigo aborda a importância do livro, da literatura e dos profissionais que atuam na manutenção de bibliotecas.
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O destino dos livros seria o esquecimento sem a intermediação dos livreiros e dos bibliotecários porque o livro não tem pernas para andar sozinho.

O livreiro deve ser um incentivador da leitura, um apóstolo do saber. Os capixabas devem lembrar-se de Nestor Cinelli, o primeiro grande livreiro do Espírito Santo. Nestor vendia livros fiado. Muitos fregueses  só pagaram a conta depois que se formaram.

Dizem que, por causa da televisão, as pessoas estão lendo menos. Não sei. Televisão e livro são veículos diferentes. Na televisão eu não posso parar num quadro, como no livro eu me detenho numa página para relê-la e meditar no que li. Não posso na TV fazer algo como escrever notas marginais ao texto. Não posso colocar a televisão debaixo do travesseiro, como que para continuar a leitura durante o sono. Televisão eu não folheio.  Televisão eu não levo comigo para o banco da praça, ou para o consultório médico enquanto espero minha vez de ser atendido. Nem posso fazer algo como abrir uma página ao acaso, ou ler um trecho para a esposa, a avó ou a namorada.  A televisão quer me dominar, não sou sujeito, sou objeto. O livro é dócil companheiro, conversa comigo. O livro não grita, não cassa minha liberdade, não quer fazer de mim um autômato. De televisão eu posso gostar.  Amar, amar mesmo, só o livro eu posso amar.

Não obstante a disparidade entre o público televisivo e o público que frequenta o livro, a influência dos textos produzidos pelo invento de Gutenberg impressiona e espanta.

Não foi sem razão que, no decorrer da História, os livros foram censurados, apreendidos e queimados pelos déspotas.

Devo a uma bibliotecária grande parte do amor que adquiri pelos livros.  Eu a chamava de Dona Telma.  Era a responsável pela Biblioteca Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, minha cidade natal.  Indicava-me e aos colegas os bons livros.  Transmitia aos frequentadores de nossa Biblioteca Pública o gosto que ela própria tinha pela leitura.  Ensinava-nos a conservar os livros com capricho, cuidado e carinho.

Sempre gostei de ganhar livros e doar livros. Recebo o presente de um bom livro como quem recebe um tesouro.

Sou também um divulgador de livros. Mandei livros de minha autoria e de autores capixabas para bibliotecas públicas de todos os municípios do Espírito Santo, todos os Estados da Federação e todos os países do mundo. Nos livros remetidos para o Exterior sempre anexei algum texto traduzido para idiomas de curso internacional. Tudo isto está registrado no meu computador. Se é mania não sei. Mas como é bom cultivar manias que não fazem mal a ninguém.

*João Baptista Herkenhoff é magistrado aposentado (ES), palestrante e escritor.


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