

Dezoito de julho é o Dia Nacional do Trovador.
Num momento da vida brasileira em que explodem o ódio e a intolerância, em que amigos rompem laços fraternos antigos como decorrência da paixão política, num momento como este, a trova pode serenar os ânimos.
A trova é uma composição poética de quatro versos de sete sílabas cada um, rimando pelo menos o segundo com o quarto verso.
É criação literária popular, que fala mais diretamente ao coração do povo. É através da trova que o povo toma contato com a poesia e sente sua força.
O termo TROVA, do francês, “trouver” (achar) nos indica que os trovadores devem “achar” o motivo de sua poesia ou de suas canções.
Temos grandes trovadores no Espírito Santo.
Cito alguns, a seguir.
Solimar de Oliveira:
Nesta existência a alegria,
experimenta e verás!
Está na doce poesia
de todo bem que se faz…
Neste exemplo se descobre
a Fraternidade, irmão:
um pobre com outro pobre
dividindo o próprio pão.
Ciro Vieira da Cunha:
Do teu amor (quem diria?)
só três meses durou,
resta a saudade – alegria
da tristeza que ficou…
Athayr Cagnin:
Indiferente à maldade,
vou traçando de alma ungida,
o giz da fraternidade
no quadro negro da vida…
Nordestino Filho:
Fraternidade, meu bem,
Só se diz Fraternidade
Quando, aIém da caridade,
não se faz mal a ninguém.
Beatriz Abaure:
Num posto de álcool na esquina,
diz um bêbado que passa:
-Isto que é gasolina!
Tem cheiro até de cachaça.
Com um tema que fascina
eu tentei fazer poesia:
Foi um sonho, Colombina!
Não passou de fantasia…
Vejamos agora algumas trovas do poeta português Fernando Pessoa e dos poetas brasileiros Menotti Del Picchia, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Carlos Drumond de Andrade.
Fernando Pessoa:
O poeta é um fingidor,
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.
Menotti del Picchia:
Saudade, perfume triste
de uma flor que não se vê.
Culto que ainda persiste
num crente que já não crê.
Mário de Andrade:
Teu sorriso é um jardineiro,
meu coração é um jardim.
Saudade! Imenso canteiro
que eu trago dentro de mim.
Cecília Meireles:
Os remos batem nas águas,
têm de ferir para andar.
As águas vão consentindo –
esse é o destino do mar.
Carlos Drummond de Andrade:
Solidão, não te mereço,
pois que te consumo em vão.
Sabendo-te, embora, o preço,
calco teu ouro no chão.
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