Deltan Dallagnol usou Lava Jato para lucrar e tramar contra ministros do STF e STJ; Corregedor Nacional do Ministério Público identificou possível conduta criminosa, mas foi omisso

Ministro do STF Gilmar mendes, procurador da República Deltan Dallagnol e Dias Toffoli, presidente do STF e do CNJ. Sistema judicial brasileiro foi corrompido por condutas criminosas.
Ministro do STF Gilmar mendes, procurador da República Deltan Dallagnol e Dias Toffoli, presidente do STF e do CNJ. Sistema judicial brasileiro foi corrompido por condutas criminosas.

A cada nova revelação sobre o esquema de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, feita pelo The Intercept em parceria com outros veículos de imprensa, fica claro que a Lava Jato foi usada pela dupla para atender interesses pessoais. As reportagens do UOL e Folha de S. Paulo, desta quinta-feira (08/08/2019), confirmam que o procurador do Ministério Público Federal (MPF) usou a operação para lucrar e tramar contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

Outros diálogos de Dallagnol, publicados na semana passada, mostraram que ele armou um ataque contra o presidente do STF, o ministro Dias Toffoli, e ainda tramou para que o ministro Humberto Martins do STJ não fosse indicado para uma vaga no Supremo. As revelações comprovam que o procurador da Lava Jato atentou contra a democracia brasileira, uma vez que não respeita a instituição da qual faz parte, as funções para qual tomou posse como agente público, o Poder Judiciário e principalmente a Constituição Federal. Se as instituições estivessem funcionando plenamente, Dallagnol já estaria pelo menos afastado do cargo.

Além de montar um plano de negócios, que envolvia eventos e palestras para poder lucrar financeiramente com a fama obtida por meio da Lava Jato, Dallagnol e outros procuradores do MPF – Diogo Casto, Paulo Roberto Galvão, Laura Tessler e Orlando Martello Junior – discutiram a possibilidade do impeachment de Gilmar Mendes, após os resultados do primeiro turno das Eleições de 2018.

Segundo reportagem do UOL, o grupo passou a fazer contas sobre os votos necessários no Senado Federal para o impedimento do ministro do STF. “Precisamos de 54 senadores. Se tem onze comprometidos com as medidas contra a corrupção. Faltam 43 de 70”, disse Castor. No mesmo grupo, Dallagnol arrematou: “No Senado, dos 32 que tentaram renovar seus mandatos, 8 conseguiram. Recado explícito de insatisfação”. O procurador Orlando Martello Junior avaliou que o impeachment era impossível, mas em seguida sugeriu uma estratégia para atacar Mendes.

“Impeachment, diria, é impossível. Talvez costurar um pedido de convocação, em que ele fique exposto, com cobranças, puxão de orelha e coisa tal, é mais factível. Os novos senadores, que não tem o rabo preso, podem ver isso como uma alavancagem. Sem falar que o quórum para aprovação deve ser bem menor ou mesmo pode ser feito no âmbito de uma das comissões, talvez a de justiça (não vi o regimento!)”, apontou.

Corregedor do MPF escondeu falcatruas de Dallagnol

A Folha revelou também nesta quinta (8) que o então corregedor-geral do MPF, Hindemburgo Chateaubriand Filho, criticou informalmente a conduta de Dallagnol na divulgação de uma das palestras que o procurador fez. Na ocasião, em junho de 2017, o corregedor ressaltou a gravidade da situação, mas nada fez sobre a irregularidade do colega. Hindemburgo deixou de abrir uma apuração oficial.

Segundo a publicação, o caso envolveu a divulgação feita por Dallagnol de uma palestra dele na qual prometia revelações inéditas sobre a Lava Jato e que teria cobrança de ingresso dos participantes. Nos diálogos, Hindemburgo confessa que ao intervir no episódio ele estava saindo da linha de atuação regular de um corregedor-geral, que é o fiscal máximo da atividade dos procuradores. “Só quero lhe dizer que liguei em consideração a você e ao Januário [procurador Januário Paludo]. Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o que fiz”, afirmou.

Ainda na conversa, os dois acertaram extraoficialmente, já em agosto daquele ano, que Deltan não iria apresentar formalmente à Corregedoria a lista de empresas para as quais deu palestra remunerada, para evitar a repercussão negativa da eventual indicação dos contratantes.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.