Funcionários da Casa da Moeda decidem se aceitam proposta da empresa; Governo Bolsonaro vai privatizar companhia

Instalações industriais da Casa da Moeda do Brasil, no Rio de Janeiro.
Assembleia de Trabalhadores da Casa da Moeda do Brasil vai decidir se trabalhadores esperam julgamento de dissídio.
Instalações industriais da Casa da Moeda do Brasil, no Rio de Janeiro.
Assembleia de Trabalhadores da Casa da Moeda do Brasil vai decidir se trabalhadores esperam julgamento de dissídio.

Os empregados da Casa da Moeda realizam nesta quinta-feira (16/01/2020), às 8h, em frente a sede da empresa, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma assembleia para discutir a proposta de um acordo temporário que inclua as cláusulas sociais do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2019. Na sexta-feira (10), os empregados fizeram um dia de paralisação para discutir a privatização da Casa da Moeda. Nesta semana, eles estão em estado de mobilização.

O presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Aluízio Júnior, disse que se a empresa aceitar a proposta no processo de negociação que está em andamento, os trabalhadores terão como esperar o resultado do julgamento do dissídio do ACT de 2019, previsto para março na Justiça do Trabalho.

“O TST se reuniu, com a gente do sindicado e com a Casa da Moeda, no dia 17 de dezembro. Eles estão acompanhando de perto o que está acontecendo. A gente acredita que se mantiver as condições de dezembro, nós temos toda a tranquilidade de continuar o processo de negociação sem nenhum tipo de sobressalto”, disse Júnior.

ACT 2020

Enquanto a conclusão desse processo ainda está indefinida, os trabalhadores discutem o acordo de 2020. As negociações estão sendo feitas com representantes dos trabalhadores e uma comissão de mediação da Casa da Moeda. Júnior informou que se a empresa continuar com a decisão de cortar as cláusulas sociais e benefícios do acordo de 2020, com a justificativa de falta de recursos, alguns trabalhadores vão ter o contracheque zerado.

“Agora em janeiro, a Casa da Moeda não manteve as cláusulas sociais. Ela comunicou aos trabalhadores. Isso significa que alguns trabalhadores poderão receber o contracheque zerado, já que a Casa da Moeda entende que pode cobra de trabalhadores com direito adquirido o plano de saúde dele e de dependentes. Se for descontar isso do salário, o contracheque vem zerado”, disse. De 20% a 30% dos empregados estariam nesta condição.

Segundo o sindicalista, nenhuma atividade da Casa da Moeda está comprometida. Atualmente, a empresa produz cédulas e moedas para o Banco Central, passaportes para a Polícia Federal, selos rastreáveis de cigarros e outros postais para os Correios.

A Casa da Moeda produz cédulas e moedas para o Banco Central, passaportes, selos rastreáveis de cigarros e postais para os Correios – Reprodução Google Maps
Privatização

Para o sindicalista, não é correta a justificativa de prejuízos no desempenho da empresa e do peso da folha de funcionários dentro da receita para incluir a Casa da Moeda na lista de privatizações do governo. Segundo ele, a empresa perdeu receita com o fim da produção do selo holográfico rastreável que era colocado em embalagens de bebidas frias como refrigerantes.

“Isso não é fruto da incompetência dos trabalhadores e da administração passada. O prejuízo que ocorreu em 2017 foi porque o governo tirou 60% do faturamento da Casa da Moeda. Em 2016 ele descontinuou o serviço que tínhamos exclusividade para fazer. A partir dessa retirada começam a refletir os números. Até 2016 a Casa da Moeda teve lucro”, disse. “Antes de tirar os 60% de faturamento, a folha de pagamentos de pessoal girava em torno de 8% a 12% do orçamento, muito abaixo do de outras empresas”.

Os trabalhadores buscam o apoio de parlamentares para conseguir barrar a privatização da empresa. Júnior cita o exemplo de outros países que têm a sua própria Casa da Moeda, como os Estados Unidos, diz que não entende porque o Brasil teria que seguir um rumo diferente de diversas nações. “Estamos fazendo esse debate em um ambiente apropriado que é o Congresso Nacional”.

Casa da Moeda

Procurada, a Casa da Moeda informou que não tinha um posicionamento atualizado. Na sexta-feira, quando houve a paralisação, a empresa publicou uma nota em que diz entender que tanto ela, quanto os funcionários passam por um momento de incertezas e preocupações, decorrentes da sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização, que retira da empresa a exclusividade na produção de cédulas, moedas, passaportes, selos postais e selos fiscais e também entra 2020 sem um acordo coletivo de trabalho fechado.

A Casa da Moeda pondera, no entanto, que mesmo após diversas propostas da empresa e até uma proposta da Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, todas foram recusadas pelos empregados.

Em especial sobre o acordo coletivo de trabalho, a Casa da Moeda informou na nota que desde que assumiu suas funções, há seis meses, a diretoria “tem buscado fechar este acordo, na intenção de evitar que, com a virada do ano, os funcionários deixassem de ter determinados benefícios que são decorrentes exclusivamente de um ACT. Adicionalmente esclarece constantemente aos empregados e ao sindicato que o atual custo de pessoal é inviável economicamente para a empresa”.

*Com informações da Agência Brasil.


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