Suíça: Preocupação com o planeta domina encontro “verde” de líderes em Davos; Fórum Econômico Mundial aborda ‘Grupos de interesse para um mundo coeso e sustentável’

Edifício-sede da 50ª edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
O Fórum Econômico Mundial organiza a 50ª reunião anual entre os dias 21 e 24 de janeiro de 2020. Abordando o tema ‘Grupos de interesse para um mundo coeso e sustentável’, o encontro reunirá os principais líderes empresariais, governamentais e da sociedade civil para tratar os desafios e oportunidades derivados da Quarta Revolução Industrial.
Edifício-sede da 50ª edição do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
O Fórum Econômico Mundial organiza a 50ª reunião anual entre os dias 21 e 24 de janeiro de 2020. Abordando o tema ‘Grupos de interesse para um mundo coeso e sustentável’, o encontro reunirá os principais líderes empresariais, governamentais e da sociedade civil para tratar os desafios e oportunidades derivados da Quarta Revolução Industrial.

Os riscos criados pela mudança climática e pela destruição ambiental estão no topo da agenda dos formuladores globais de decisões que se preparam para ir à 50ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), entre os dias 21 e 24 de janeiro de 2020, em Davos, cidade situada nas montanhas da Suíça.

Pela primeira vez, as cinco maiores preocupações registradas em relatório produzido pelo centro de estudos que organiza o evento, são ambientais: de eventos climáticos extremos à perda de biodiversidade e incidentes como vazamentos de petróleo e contaminação radioativa.

As guerras comerciais e a ascensão de políticos nacionalistas em todo o  mundo também foram citados pela comissão de mais de 750 especialistas e tomadores de decisão entrevistados como problemas que tornam mais difícil países trabalharem juntos em busca de soluções.

“O panorama político está polarizado, os níveis do mar estão subindo e os incêndios decorrentes do clima estão ardendo”, disse Borge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial (FEM), pedindo mais ações coletivas.

A edição deste ano de Davos, que acontece na semana que vem, escolheu a sustentabilidade como seu tema principal, e acontece no momento em que ativistas como Greta Thunberg aumentam a pressão sobre empresas e governos para que combatam a mudança climática e outras ameaças ambientais.

Ao mesmo tempo, economias de ponta estão atrasadas nos compromissos assumidos no Acordo de Paris de 2015 para reduzir as emissões de carbono, e os ativistas continuam desconfiados de promessas vazias, apontando para os subsídios gigantescos e os fundos privados ainda disponíveis para combustíveis fósseis.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve comparecer, mas alguns líderes mundiais se ausentarão. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, orientou seus ministros a evitarem um evento que muitos veem como elitista, disse uma fonte de seu gabinete.

Na tentativa de se antecipar às críticas de que seus convidados privilegiados são parte do problema, o FEM disse que a edição deste ano de Davos usará compensações para zerar seu carbono, disponibilizará mais carros elétricos e oferecerá alimentos locais e opções com proteínas não derivadas da carne.

As preocupações ambientais vêm subindo na sua lista de possíveis riscos de longo prazo nos últimos anos, uma mudança marcante em relação a uma década atrás, quando as maiores economias ocidentais mergulharam na recessão por causa da crise financeira.

Além do meio ambiente, a pesquisa de 2020 ressalta temores a respeito das limitações na governança do setor de tecnologia, dos setores de saúde em apuros e da desigualdade alta.

O Relatório

A polarização econômica e política aumentará este ano, uma vez que a colaboração entre líderes mundiais, empresas e formuladores de políticas torna-se mais do que nunca necessária para impedir graves ameaças ao nosso clima, meio ambiente, saúde pública e sistemas de tecnologia. Isso aponta para uma clara necessidade de uma abordagem multissetorial para mitigar riscos em um momento em que o mundo não pode esperar que o nevoeiro da desordem geopolítica se dissipe. Estas são as conclusões do Relatório Global de Riscos 2020 do Fórum Econômico Mundial, publicado hoje.

O relatório prevê um ano de aumento dos embates, divisões domésticas e internacionais e desaceleração econômica. A turbulência geopolítica está nos levando a um mundo unilateral “instável” de grandes rivalidades de poder, em uma época na qual os líderes empresariais e governamentais devem se concentrar urgentemente em trabalhar juntos para enfrentar os riscos compartilhados.

Mais de 750 especialistas e tomadores de decisão globais foram convidados a classificar suas maiores preocupações em relação a probabilidade e impacto e 78% disseram esperar que “confrontos econômicos” e “polarização política doméstica” aumentem em 2020.

Isso seria catastrófico, principalmente para enfrentar desafios urgentes como a crise climática, a perda de biodiversidade e o declínio recorde de espécies. O relatório, produzido em parceria com a Marsh & McLennan e o Zurich Insurance Group, aponta para a necessidade de os formuladores de políticas combinarem objetivos de proteção da Terra com metas que impulsionem as economias, e que as empresas evitem os riscos de perdas futuras potencialmente desastrosas ajustando-se a essas metas baseadas na ciência.

Pela primeira vez nas perspectivas de 10 anos da pesquisa, os cinco principais riscos globais em termos de probabilidade são todos ambientais. O relatório dispara o alarme:

1 – Eventos climáticos extremos com grandes danos à propriedade, infraestrutura e perda de vidas humanas.

2 – Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas por governos e empresas.

3 – Danos e desastres ambientais causados pelo homem, incluindo crimes ambientais, como derramamentos de óleo e contaminação radioativa.

4 – Grande perda de biodiversidade e colapso do ecossistema (terrestre ou marinho), com consequências irreversíveis para o meio ambiente, resultando em recursos severamente esgotados para a humanidade e para as indústrias.

5 – Desastres naturais graves, como terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas e tempestades geomagnéticas.

O relatório ainda acrescenta que, a menos que os stakeholders se adaptem à “mudança de poder histórica de hoje” e à turbulência geopolítica, enquanto ainda se preparam para o futuro, o tempo se esgotará para enfrentar alguns dos mais prementes desafios econômicos, ambientais e tecnológicos. Isso indica onde as ações de empresas e formuladores de políticas são mais necessárias.

“O cenário político está polarizado, o nível do mar está subindo e os incêndios climáticos estão incinerando. Este é o ano em que os líderes mundiais devem trabalhar com todos os setores da sociedade para reparar e revigorar nossos sistemas de cooperação, não apenas para benefícios a curto prazo, mas também para enfrentar nossos riscos profundamente enraizados”, disse Borge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial.

O Relatório Global de Riscos faz parte da Iniciativa Global de Riscos que reúne os stakeholders para desenvolver soluções integradas e sustentáveis para os desafios mais prementes do mundo.

É necessário pensar sistemicamente para enfrentar os riscos geopolíticos e ambientais iminentes e ameaças que, de outra forma, podem estar sob o radar. O relatório deste ano se concentra explicitamente nos impactos da crescente desigualdade, lacunas na governança de tecnologia e sistemas de saúde sob pressão.

John Drzik, presidente da Marsh & McLennan Insights, disse: “Há uma pressão crescente nas empresas por parte dos investidores, reguladores, clientes e funcionários para que elas demonstrem sua resiliência à crescente volatilidade climática. Os avanços científicos significam que os riscos climáticos agora podem ser modelados com maior precisão e incorporados ao gerenciamento de riscos e aos planos de negócios. Eventos de alto impacto, como incêndios florestais recentes na Austrália e na Califórnia, estão pressionando as empresas a tomar medidas contra os riscos climáticos em um momento em que elas também enfrentam maiores desafios geopolíticos e de riscos cibernéticos.”

Para as gerações mais jovens, o estado do planeta é ainda mais alarmante. O relatório destaca como os riscos são vistos pelos nascidos após 1980. Eles classificaram os riscos ambientais em um grau mais elevado do que outros entrevistados, a curto e longo prazo. Quase 90% desses entrevistados acreditam que “ondas de calor extremo”, “destruição de ecossistemas” e “saúde impactada pela poluição” serão agravadas em 2020; comparado a 77%, 76% e 67%, respectivamente, para outras gerações. Eles também acreditam que o impacto dos riscos ambientais até 2030 será mais catastrófico e mais provável.

A atividade humana já causou a perda de 83% de todos os mamíferos selvagens e de metade das plantas que sustentam nossos sistemas de alimentos e saúde. Peter Giger, diretor de Riscos da Zurich Insurance Group, alertou sobre a necessidade urgente de se adaptar mais rapidamente para evitar piores e irreversíveis impactos piores e irreversíveis das mudanças climáticas e de fazer mais para proteger a biodiversidade do planeta:

“Ecossistemas biologicamente diversos capturam grandes quantidades de carbono e fornecem enormes benefícios econômicos estimados em ﹩33 trilhões por ano – o equivalente ao PIB dos EUA e da China juntos. É fundamental que as empresas e os formuladores de políticas avancem mais rapidamente para uma economia de baixa emissão de carbono e modelos de negócios mais sustentáveis. Já estamos vendo empresas destruídas por não alinhar suas estratégias às mudanças nas políticas e nas preferências dos clientes. Os riscos de transição são reais e todos devem fazer sua parte para mitigá-los. Não é apenas um imperativo econômico, é realmente a coisa certa a fazer”, disse ele.

O Relatório Global de Riscos 2020 foi desenvolvido com o apoio inestimável do Conselho Consultivo para Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial. Ele também se beneficia da colaboração contínua com seus parceiros estratégicos Marsh & McLennan e Zurich Insurance Group, e seus consultores acadêmicos na Oxford Martin School (Universidade de Oxford), na Universidade Nacional de Singapura e no Centro de Processos de Decisão e Gerenciamento de Risco Wharton (Universidade da Pensilvânia).

*Com informações de Mark John, da Agência Reuters.

Davos é uma comuna da Suíça, no Cantão Grisões. A cidade sedia a 50ª edição do Fórum Econômico Mundial ocorre entre os dias 21 e 24 de janeiro de 2020.
Davos é uma comuna da Suíça, no Cantão Grisões. A cidade sedia a 50ª edição do Fórum Econômico Mundial ocorre entre os dias 21 e 24 de janeiro de 2020.

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