Ministro Paulo Guedes diz que “chinês” criou o coronavírus e desenvolveu vacina pior que a dos EUA

Ministro Paulo Guedes fez a declaração durante reunião do Conselho de Saúde Complementar, sem saber que evento estava sendo gravado e transmitido por redes sociais. Apesar de críticas, ele recebeu dose da Coronavac.
Ministro Paulo Guedes fez a declaração durante reunião do Conselho de Saúde Complementar, sem saber que evento estava sendo gravado e transmitido por redes sociais. Apesar de críticas, ele recebeu dose da Coronavac.

Em um momento em que o Brasil ainda depende de insumos vindos da China para seguir produzindo vacinas contra a covid-19, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (27/04/2021) que os chineses “inventaram” o coronavírus e que a vacina do país é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, empresa dos Estados Unidos.

“O chinês inventou o vírus, e a vacina dele é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: ‘Qual é o vírus? É esse? Tá bom, decodifica’. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras”, disse Guedes, em reunião do Conselho de Saúde Complementar, sem saber que o encontro estava sendo gravado e transmitido por redes sociais.

Quando foi informado, ele pediu que o vídeo não fosse ao ar. Após a reunião, a gravação foi retirada das redes sociais do Ministério da Saúde.

Ao contrário do dito por Guedes, a vacina da Pfizer, citada por Guedes, não foi desenvolvida por americanos, mas por um casal de médicos alemães, donos da empresa BioNTech. Ambos de origem turca, Özlem Türeci e Ugur Sahin foram condecorados pelo governo alemão, em março, pela “contribuição decisiva” contra a pandemia.

Coronavac é responsável por 80% das imunizações no Brasil

A vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, é responsável por cerca de 80% das imunizações no Brasil – o próprio Guedes já recebeu a vacina. Os outros 20% são da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. No Brasil, ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ambas ainda dependem de insumos vindos da China para serem produzidas.

A Coronavac tem sido objeto de uma batalha política no Brasil entre um dos seus maiores apoiadores, o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro, adversário político do tucano.

Bolsonaro desde o começo se mostrou resistente em aceitar a Coronavac. Em novembro, ele chegou a comemorar a suspensão dos testes clínicos da vacina no Brasil. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu em uma rede social na época.

Antes, em outubro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou um acordo firmado com o estado de São Paulo que previa a compra de 46 milhões de doses da Coronavac e a inclusão do imunizante no calendário nacional de vacinação.

No dia seguinte, Bolsonaro desautorizou Pazuello e disse que o governo federal não compraria a vacina chinesa.

Em janeiro deste ano, fontes diplomáticas afirmaram que atrasos no envio de insumos ao Brasil envolviam questões burocráticas e diplomáticas e que a relação do governo Bolsonaro com Pequim está desgastada devido a inúmeros ataques do presidente e de seu entorno ao país asiático.

Acordo com a Pfizer

A vacina da Pfizer-BioNTech mencionada por Guedes, embora aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ainda não está em uso no Brasil.

Em julho de 2020, a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses ao governo brasileiro, que negou a compra, apostando todas as fichas na vacina da AstraZeneca-Oxford. Nos meses seguintes, por várias vezes, o governo criticou as cláusulas do contrato com a Pfizer-BioNTech.

Somente em março de 2021, o governo federal assinou acordo para a aquisição de 100 milhões de doses. No entanto, cerca de 75% delas devem chegar apenas no segundo semestre, em agosto e setembro.

Origem do Coronavírus

No final de março, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram como a causa mais provável da origem da pandemia de covid-19 a transmissão do vírus Sars-CoV-2 de um animal para humanos. A equipe, que esteve na China para investigar a origem do coronavírus, considerou “extremamente” improvável que ele tenha infectado humanos após um incidente num laboratório.

O grupo concluiu que a causa mais provável da pandemia foi a transmissão do Sars-CoV-2 de morcegos para humanos através de outro animal intermediário. Os especialistas, no entanto, ainda não conseguiram identificar qual teria sido o hospedeiro intermediário do vírus.

Produzido por peritos da OMS e cientistas chineses, o relatório confirma as primeiras previsões apresentadas no início de fevereiro na cidade de Wuhan, onde o vírus foi detectado pela primeira vez, em dezembro de 2019.

*Com informações do DW.


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