Um esquema de rachadinha foi montado no gabinete do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) e teria movimentado R$ 2 milhões, de acordo com reportagem da revista Veja divulgada nesta sexta-feira (29/10/2021).
A publicação revelou que seis mulheres foram contratadas como funcionárias fantasmas e devolveram boa parte dos salários que recebiam.
Uma das mulheres que teria participado do esquema afirmou que seu vencimento era de R$14 mil e ela ficava com R$1.350.
A devolução dos salários começou em 2016 e terminou em março de 2021.
A revista publicou o relato das mulheres, que vivem no entorno de Brasília, e também suas imagens.
Em nota divulgada à imprensa, o senador afirmou que está “sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes”.
Alcolumbre é presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e é responsável por marcar a sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga no Supremo Tribunal Federal.
A indicação ocorreu há mais de três meses e, até hoje, o audiência na CCJ não foi marcada.
A duração do esquema
O esquema começou em janeiro de 2016 e funcionou até março de 2021. Sabe-se que cada senador tem direito a uma verba de 280 000 reais por mês para contratar auxiliares. Há pouca ou quase nenhuma fiscalização sobre o uso desse dinheiro. Essas mulheres que agora admitem a prática foram empregadas como assessoras parlamentares, mas nenhuma delas tinha curso superior nem qualquer tipo de experiência legislativa. Eram todas pessoas humildes, que mal sabiam onde ficava o Congresso, atraídas pela proposta de ganhar um dinheiro sem precisar trabalhar. Bastava às candidatas emprestar o nome, o CPF, a carteira de trabalho e atender a uma exigência: manter tudo sob o mais absoluto sigilo. A diarista Marina Ramos Brito conta que ouviu essa proposta indecorosa da boca do próprio Davi Alcolumbre. Até fevereiro do ano passado, ela ocupou o cargo de “auxiliar sênior” do senador. Além do salário fixo de 4 700 reais, acumulava benefícios, como auxílio-alimentação, auxílio-pré-escolar e até uma curiosa gratificação por desempenho. Somando tudo, os vencimentos passavam de 14 000 reais. Marina, porém, recebia menos de 10% disso.
Íntegra da nota do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP)
“Venho sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes. Há algumas semanas soltei nota à imprensa informando que não aceitaria ser ameaçado, intimidado e tampouco chantageado. Pois bem, além de repetir firmemente o mesmo posicionamento, acrescento que tenho recebido todo tipo de “aviso”, enviado por pessoas desconhecidas, que dizem ter informações sobre uma orquestração de denúncias mentirosas contra mim.
Primeiro, fui acusado de ser um intolerante religioso (um judeu contra um evangélico), depois um áudio, de quase 10 anos atrás, foi divulgado em uma narrativa venenosa e maldosa de algo que nunca aconteceu.
Na sequência, uma operação da Polícia Federal, iniciada em 2020 e com desdobramentos somente agora, em vários estados, onde apenas um nome foi citado e amplamente divulgado: o meu. Operação na qual não sou investigado.
Agora, novamente, sou surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e até mesmo o repudiável confisco de salários.
Nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem.
Tomarei as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos.
Continuarei exercendo meu mandato sem temor e sem me curvar a ameaças, intimidações, chantagens ou tentativas espúrias de associar meu nome a qualquer irregularidade.
É nítido e evidente que se trata de uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal.
Davi Alcolumbre, senador da República”
*Com informações do Yahoo Notícias e da edição nº 2762 da Revista Veja de 3 de novembro de 2021.

“Eu retirava o pagamento no banco e entregava a parte deles, para pessoas que o chefe de gabinete do senador indicava. Tinha medo de denunciar isso, mas agora tomei coragem.”, Jessyca Priscylla de Vasconcelos Pires, 29 anos, dona de casa.
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