Quase metade dos bares e restaurantes no Simples tem parcelas em atraso, diz pesquisa da Abrasel

Proprietários de bares e restaurantes enfrentam restrição orçamentária e acúmulo de dívidas, em decorrência da pandemia.
Levantamento aponta também dificuldade dos bares e restaurantes em honrar empréstimos feitos via Pronampe em função da alta da Selic: um em cada cinco têm pagamentos em aberto.

Pesquisa realizada pela Abrasel em todo o país mostra que a questão da derrubada do veto ao Refis (ou Relp) é cada vez mais urgente. Quase metade (45%) dos entrevistados que estão no Simples Nacional revelou ter parcelas em atraso. Mas apenas 27% destes estão na dívida ativa e poderiam se aproveitar das condições de parcelamento existentes hoje. Em função disso, 87% das empresas que hoje devem o Simples disseram temer o desenquadramento se algo não for feito. O Congresso deve votar em breve a derrubada do veto ao programa de refinanciamento.

“É o que o nosso setor espera, a sensibilidade de que o momento é decisivo para muitas empresas. Para a maioria, o desenquadramento é uma sentença de morte, já que muitas têm dívidas ou empréstimos – e o faturamento só agora deve se estabilizar, com o fim das restrições, como o que vimos nesta segunda-feira no Rio de Janeiro”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel.

O Pronampe, programa de crédito com condições especiais para as pequenas empresas, de tábua de salvação está virando mais uma dor de cabeça para os empresários do setor. O uso da Selic como indexador fez os juros aumentarem (a taxa determinada pelo Banco Central passou de 2% em março de 2021 para 10,75%, agora). Dos 69% que tiveram de buscar crédito durante a pandemia, quase três em cada quatro (73%) tomaram empréstimo via Pronampe. Destes, 19% dizem já ter parcelas em atraso.

“Não dá para jogar esta questão para baixo do tapete. A subida dos juros trouxe este impacto enorme ao Pronampe. É preciso uma ação para ajudar os micro e pequenos empresários, que viram de uma hora para outra o valor da parcela subir muito. As carências começam a vencer e, se nada for feito, a inadimplência deve aumentar ainda mais”, observa Solmucci.

A pesquisa também mediu o faturamento das empresas, e o resultado em janeiro não foi animador. 43% dos entrevistados ficaram no prejuízo no primeiro mês do ano (contra um índice de 31% em dezembro). Por causa das férias, nas grandes cidades, janeiro costuma ser um mês um pouco mais fraco. Mas o mau desempenho também pode ser creditado ao pico de casos de Covid-19 em função da variante Ômicron.

PIX

A pesquisa mediu ainda como anda a aceitação do Pix em bares e restaurantes. Nada menos do que 93% disseram já ter adotado o sistema para receber dos clientes. No entanto, o Pix ainda está longe de se transformar no meio preferencial de pagamento: apenas 3% disseram ser este o principal método usado pelos clientes no salão ou balcão, índice que melhora ligeiramente no delivery: 7%. O cartão de crédito continua sendo o mais usado –  tanto no salão (65%) quanto no delivery (73%). Em ambos os casos, o pagamento com dinheiro em espécie foi apontado como meio preferencial por apenas 1% dos estabelecimentos entrevistados.

A pesquisa, realizada pela internet, teve mais de 1.200 respostas de todos os estados do país, no período de 21 de fevereiro a 3 de março.


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