A CAIXA Cultural Salvador inaugura na terça-feira (19/04/2022), a exposição Barroco Sertanejo, mostra individual do artista cearense Stênio Burgos, com curadoria de Denise Mattar. A mostra abriu a programação da CAIXA Cultural São Paulo em janeiro deste ano, seguindo em itinerância para a capital baiana e posteriormente para as unidades de Recife (04/07 a 11/09) e Fortaleza (26/09 a 20/11).
O título da exposição surgiu de uma conversa entre o artista e a curadora, e é uma síntese precisa da dualidade de Burgos, criado entre o calor da baianidade de sua mãe e a severidade do sertão cearense de seu pai. Nas palavras de Mattar “seu trabalho reúne o risco duro e a exuberância cromática, a economia do traço e a profusão da tinta, a contenção e o excesso.”
Embora apresente majoritariamente obras realizadas entre 2020 e 2021, a exposição se reveste de um caráter retrospectivo, pois alinha em conjuntos as principais pesquisas do artista. Assim, podem ser vistas suas paisagens de 2003 a 2021, elaboradas através de uma pintura-desenho delineada em traços rápidos e vigorosos, construídos com espessa materialidade. São riscos e rabiscos saídos do tubo de tinta, que se projetam sobre o fundo, criando uma espécie de baixo-relevo, dando à paisagem dinamismo e leveza.
Outra vertente de sua produção é a pesquisa sobre a linguagem da cor, que resulta em intrigantes escalas cromáticas, quase instalações, constituídas por conjuntos de pequenas pinturas, ou grandes painéis de tecido, formando graduações colorísticas precisas, ou acasos que se transformam em constelações.
A forte influência da Holanda, país onde Stênio morou entre 2004 e 2019, também se faz presente na mostra, através do desafio que o artista fez para si mesmo de pintar buquês de flores da estação, um a cada semana, mês a mês. A pesquisa se transformou numa constante de sua produção, e aos buquês acrescenta, com frequência, símbolos de fé. Uma mistura improvável do sincretismo brasileiro e o colorido floral europeu, com traços de nostalgia e lirismo.
A exposição se encerra com as Cartas do Confinamento, produzidas em 2020, quando Stênio se isolou na sua casa na praia de Amontada. Um forte momento de reflexão sobre a solidão e a finitude humanas, que podem ser vistas nas séries: A Invenção da Solidão e Ensaio sobre a Cegueira, e também no painel Odisseia, uma grande pintura in progress, que se renova continuamente.
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