Uma coleção de arte contemporânea etíope, com 35 peças, foi doada pela família do diplomata das Organizações das Nações Unidas (ONU), Gersoney Brandão, para a CASA do DUCA (Centro de Artes de Amargosa).
Diversidade, Universidade, Cultura e Ancestralidade), do Programa Permanente de extensão da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB/CFP). A CASA do DUCA abriga os projetos de extensão do Centro de Formação de Professores (CFP), bem como seus grupos de pesquisa e as atividades culturais ligadas a eventos, cinema e teatro.
As peças doadas são originárias da capital da Etiópia, Adis Abeba, que é um grande centro comercial e cultual do país, e também foram esculpidas por artistas que vivem no sudoeste do país, no Estado de Kaffa, onde supostamente os primeiros grãos de café foram ‘descobertos’, no século IX. Estima-se que, originalmente, esta coleção continha 60 peças.
As peças, com predominância de madeira, retratam o Ano Novo etíope, que passou a ser celebrado no momento em que a Rainha de Sabá retorna de Jerusalém, quando a mesma visitou o rei Salomão, por volta de 950 antes de Cristo (A.C). ‘Assim como aprendemos sobre o café, que faz parte do nosso dia-a-dia e que foi ‘descoberto’ na Etiópia, no século IX, na coleção também há instrumentos musicais antigos e peças que definem como a música é um elemento importante para nossa saúde mental e força interior’, afirmou o diplomata Gerson Brandão.
Gerson explicou que as peças adquiridas recentemente, entre julho e dezembro de 2020, enquanto ele coordenava a preparação do plano de resposta humanitária da ONU, visando proporcionar algum alívio às vítimas das várias crises que assolavam e ainda assolam a Etiópia. Para ele, o acervo certamente contribuirá para que os visitantes da CASA do DUCA, possam compreender a dimensão histórica da Etiópia e sua importância global. ‘São peças que revivem várias tradições etíopes e, ao mesmo tempo, nos fazem entender porque a Etiópia é reconhecidamente o berço da humanidade. Conhecendo um pouco da história da Etiópia e das diversas etnias presentes no país, terminamos por melhor entender a importância da África para o mundo’.
E foi pensando nesta conexão entre África e a Bahia e suas relações interétnicas, que o diplomata, criado às margens do Rio Lucaia, em Salvador, e ogã do Ilê Axé Iá Nassô Oká (Terreiro da Casa Branca), juntamente com sua mãe biológica, Ekedy Sinha, sua esposa e filhos, resolveram doar a coleção para a CAsA do DUCA. ‘Eu, minha esposa Naile e a minha mãe Ekedy Sinha gostamos de contar histórias, porque acreditamos na importância de informar as pessoas. Acreditamos que o acesso à informação e à educação nos faz pessoas mais solidárias, mais humanas, e não há lugar melhor do que a sala de aula para a divulgação do conhecimento e para a partilha de histórias saudáveis. Por isso, achamos que a CASA do DUCA, o Centro de Formação de Professores, é um lugar que deve contar com o apoio de todos nós!’, ressaltou.
A coordenadora da CASA do DUCA, professora Alessandra Gomes, disse que UFRB e, em especial, o CFP, por meio da CASA do DUCA, tem dado uma forte contribuição ao problematizar o racismo, ao trazer para diversas atividades e debates, questões da afro-descendência, das suas lutas, saberes e da beleza negra presente na arte, na intelectualidade e nos afetos. Para ela, o acervo só irá fortalecer todo este movimento.
‘Receber essas obras é uma honra e uma alegria muito grande. As obras que nos chegam agora da Etiópia, além de objetos artísticos, são também veículos de formação e emancipação humana; de conhecimento e reconhecimento de uma parte da nossa história também. E sendo este campus voltado para a formação docente, possuir este acervo, nos direciona à infinitas possibilidades formativas junto a nossas alunas e alunos, à construção conjunta de outras narrativas, à formação estética da população mais ampla da cidade e de todos aqueles que frequentarem a CASA do DUCA. Assim como Gersoney Brandão e sua família, também gostamos muito de contar histórias, seja por meio do cinema, seja por meio da literatura, do teatro, da música e das muitas outras linguagens artísticas que compõem nossas atividades. Assim, as obras etíopes nos auxiliarão na construção de outras narrativas, sejam elas históricas, culturais ou estéticas’, afirmou.
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