O Pequenino Príncipe | Por Robinson Almeida

Robinson Almeida: o povo que se libertou recentemente de nefasta tirania, e há 16 anos constrói o sonho de uma Bahia de “lealdade, respeito e compaixão”, pilares da moderna política, não se renderá a um pequenino Príncipe.
Robinson Almeida: o povo que se libertou recentemente de nefasta tirania, e há 16 anos constrói o sonho de uma Bahia de “lealdade, respeito e compaixão”, pilares da moderna política, não se renderá a um pequenino Príncipe.

Na vida ou na política – o novo quando repete o velho – vira o arcaico. A montagem da chapa de oposição traz de volta o mofo da política, revelando forma, método e objetivos do ex- prefeito de Salvador, postulante ao cargo de governador. É bom não se enganar.

Surpresa para alguns, traição para outros, a imposição da sua vontade na montagem da chapa tem inspiração em Maquiavel – autor do clássico “O Príncipe”. Vejamos. “A soberania se conquista através da astúcia e da traição, conserva-se através da mentira e do homicídio, perde-se pela lealdade e pela compaixão”.

Soberania, após 500 anos do texto de Maquiavel, entende-se como a articulação para a conquista do poder político da Bahia. “Astúcia e traição” foram os principais atributos do enredo criado pra montar uma chapa de comando monárquico, com exclusão de aliados recentes e históricos, humilhação de lideranças e concentração do poder de decisão exclusivo no candidato.

A renúncia do então candidato a senador para trocá-lo pelo próprio filho gerou rumores de intervenção para remoçar a chapa. Ainda mais pelo fato de que os alegados problemas de saúde não foram suficientes pra impedir a candidatura a deputado federal do renunciante. Na escolha do candidato a senador, o ardil usado gerou dúvidas, inexistentes na decisão da vice.

Ardilosamente, sem alarde ou promoção, como convêm a quem quer surpreender e trair, filiou a candidata à vice da sua chapa no último dia da janela partidária. Surpresa para o próprio Republicanos, partido escolhido pra abrigar uma candidatura planejada pra nascer a fórceps, na última hora possível, sem tempo de reação dos descontentes.

A traição aos novos e antigos aliados foi feita com dissimulação. Estimulou os pretendentes. Incensou várias alternativas. Sugeriu pesquisas qualitativas. Atraiu novos parceiros com promessas. Mostrar serviço, suar a camisa e trazer mais apoios foram os apelos do jogo de cena anterior ao ato final do engodo. Tudo premeditado.

A vice tinha sido definida há muito tempo, sob o critério de não possuir poder político, pra não causar sombra ou ameaças futuras e facilitar previsível descarte. Também não contrair dívidas com líderes do espólio político herdado do avô. Entubou os enganados com novas promessas e prêmios de consolação. Os súditos se renderam.

Para quem segue a velha cartilha, vale o que Maquiavel ensinou – é mais obediente aquele homem que foi ofendido com tal gravidade que a ele só reste a vergonha e a passividade de não reagir ao seu soberano. Tudo ao modo daquela antiga dominação que durou 40 anos servindo fel e fígado ao ambiente político baiano.

Certamente, o povo que se libertou recentemente de nefasta tirania, e há 16 anos constrói o sonho de uma Bahia de “lealdade, respeito e compaixão”, pilares da moderna política, não se renderá a um pequenino Príncipe. Que os novos tempos inundem os olhos e os corações do nosso povo para ser liderado sempre pelos democratas autênticos que dizem a verdade e cumprem os seus compromissos.

*Robinson Almeida, deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores e ex-secretário de Comunicação dos governos Jaques Wagner.

*Publicado no Jornal A Tarde, em 15 de agosto de 2022.


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