Presidente Jair Bolsonaro perde reunião com secretário-geral Antonio Guterres por falta de carro e ocorrido expõe tensão Planalto-Itamaraty

Presidente Jair Bolsonaro e Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.
Presidente Jair Bolsonaro e Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.

Ao sair do hotel para seguir à ONU, o presidente Jair Bolsonaro estava sem veículo para se locomover e perdeu reunião marcada com o secretário-geral antes de seu discurso. Membros do governo culparam o Itamaraty e o MRE corte de verbas.

Ontem (20/09/2022), o presidente, Jair Bolsonaro (PL), discursou na 77ª edição da Assembleia-Geral da ONU em Nova York e foi o primeiro a abrir o evento (como é o costume do Brasil há 67 anos). Antes do discurso, o presidente tinha uma reunião privada com o secretário-geral da ONU, António Guterres, mas a reunião não aconteceu por: falta de carro.

De acordo com o jornal O Globo, a saída de Bolsonaro do hotel estava prevista para 08h20 (09h20 do horário de Brasília) para que chegasse pontualmente na reunião às 08h40. Porém, ao deixar o prédio, o presidente foi surpreendido duas vezes: além de cerca de 40 apoiadores eufóricos embarreirando sua passagem, não havia nenhum automóvel disponível para levá-lo ao evento.

Apesar da rua atrás do hotel estar parcialmente fechada e contar com forte presença de pessoal e de carros do serviço secreto, não tinha nenhum automóvel para levar o chefe de Estado brasileiro.

Quando já eram quase 09h00, o mandatário decidiu caminhar até encontrar um veículo disponível, e, depois de pouco mais de 5 minutos de caminhada, finalmente conseguiu um carro para se locomover para a abertura da Assembleia.

No entanto, o horário marcado com Guterres (que era às 08h40) já havia passado e quando Bolsonaro chegou ao prédio da ONU os dois acabaram posando apenas para foto sem concretizarem uma reunião formal.

Além disso, a primeira-dama, Michelle; o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); o coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro à reeleição, Fabio Wajngarten; e o ministro das Comunicações, Fábio Faria; que faziam parte da comitiva brasileira, estavam atrasados para os compromissos na ONU.

O ocorrido gerou tensões entre integrantes do Planalto e o do Itamaraty, segundo a mídia. Enquanto o Itamaraty alega que o problema com a suposta disponibilidade dos carros é competência apenas do serviço secreto, membros do governo afirmam que na viagem anterior do presidente, para o enterro da rainha Elizabeth II em Londres, o mesmo tipo de incidente acontecia com frequência.

“Parece que o Itamaraty está decidindo simplesmente jogar contra o governo; o cerimonial do Itamaraty é deplorável”, disse uma fonte sob sigilo ao jornal.

Já outros membros do governo alegam que o comitê de campanha de reeleição tenta reduzir os gastos das viagens presidenciais às vésperas das eleições, mas “os membros do MRE só estão preocupados com qual vinho branco ou tinto eles irão tomar, enquanto o presidente come pizza e pastel”.

A mídia relata que depois do incidente, o esquema armado durante a tarde para a saída do presidente e da primeira-dama para o aeroporto JFK sofreu algumas alterações visíveis. Além de um maior número de presença policial e de maior contingente também do serviço secreto, Jair Bolsonaro só deixou o saguão do hotel quando seu carro já estava pronto para a sua partida.

‘Pinocchio decadente a gaguejar lorotas eleitorais’, diz Ciro sobre discurso de Bolsonaro na ONU

Para o ex-governador do Ceará, Bolsonaro bateu “recorde” ao ser o presidente “que mais mentiu” em discurso nas Nações Unidas.

Após o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) na abertura da 77ª Assembleia-Geral da ONU hoje (20), o presidenciável, Ciro Gomes (PDT), disse que o mandatário “bateu um recorde mundial: o de presidente que mais mentiu no plenário das Nações Unidas”.

“Com esta nova ida à ONU, Bolsonaro bateu um recorde mundial. O de presidente que mais mentiu no plenário das Nações Unidas. Se o ano passado já tinha sido um vexame, desta vez foi um horror: um Pinocchio decadente a gaguejar lorotas eleitorais”, afirmou Ciro citado pelo jornal Valor Econômico.

Até agora, os demais adversários do presidente na corrida eleitoral não comentaram sobre o discurso, entretanto, a vice na chapa de Simone Tebet (MDB), a senadora Mara Gabrilli (PSDB) disse que o pronunciamento foi “um palanque medonho e mentiroso”.

“Dizer que é um defensor da liberdade de expressão, que a Amazônia está intacta e que a fome, o feminicídio, a inflação e a violência no campo diminuíram no Brasil é tirar sarro do povo”, afirmou Gabrilli.

De acordo com o pesquisador do Núcleo de Estudos Latino-Americanos (NEL) da Universidade de Brasília (Unb), Robson Cardoch Valdez, entrevistado pela Sputnik Brasil, Bolsonaro tentou projetar internacionalmente uma imagem de recuperação econômica do Brasil em um discurso voltado a consolidar o apoio de seu eleitorado para os possíveis cenários nas urnas.

“A disputa eleitoral estava na mente do governo do presidente Bolsonaro ao fazer esse discurso”, disse Valdez.

*Com informações da Sputnik Brasil.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.