Às vésperas da COP27, ONU diz que compromissos internacionais sobre o clima ainda são insuficientes

Emissões de gases que provocam o efeito estufa são a principal causa do aquecimento climático no mundo.
Emissões de gases que provocam o efeito estufa são a principal causa do aquecimento climático no mundo.

Os compromissos internacionais mais recentes sobre o clima estão muito longe de responder ao objetivo estabelecido com o Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a +1,5 grau Celsius, advertiu nesta quarta-feira (26/10/2022) a ONU. O alerta é feito a menos de duas semanas da COP27.

Na COP26, celebrada em 2021 em Glasgow, os signatários do acordo se comprometeram a aumentar a cada ano suas “contribuições determinadas em nível nacional” (NDC), em vez de a cada cinco anos, como estava previsto no acordo assinado em 2015.

Mas em 23 de dezembro, data limite para a inclusão das novas metas antes da COP27 – que acontecerá de 6 a 18 de novembro na cidade egípcia de Sharm el Sheikh – apenas 24 países haviam apresentado uma NDC nova ou ampliada.

Um número “decepcionante”, admitiu Simon Stiell, secretário executivo da ONU para Mudanças Climáticas. “Ainda não estamos nem perto do nível e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de +1,5 grau Celsius de aumento máximo da temperatura”, destacou Stiel.

E sem limitar o aumento da temperatura a +1,5ºC ou +2ºC, as duas marcas emblemáticas do tratado, os planos de redução das emissões de gases do efeito estufa das 193 partes signatárias “podem colocar o mundo no caminho de um aquecimento de +2,5 ºC até o fim do século”, avisou a agência da ONU encarregada do clima.

Os especialistas lembram que com cerca de 1,2°C de aquecimento, o mundo já tem que enfrentar as consequências devastadoras da mudança climática, como atestaram as inundações, as ondas de calor, as secas e os incêndios gigantescos que marcaram o ano de 2022.

Queda de 45% até 2030

De acordo com especialistas das Nações Unidas, as emissões mundiais de gases que provocam o efeito estufa precisam registrar queda de 45% até 2030, na comparação com os níveis de 2010. Isso permitiria cumprir o objetivo estabelecido em relação às temperaturas médias da era pré-industrial, quando a humanidade começou a explorar em larga escala as energias fósseis, que produzem os gases do efeito estufa responsáveis pelo aquecimento. No entanto, o novo resumo das NDC calcula que os compromissos atuais levariam a um aumento de 10,6% das emissões durante o período.

A poucos dias do início da COP27, onde milhares de delegados e mais de 90 líderes de todo o mundo analisarão o futuro climático do planeta, a publicação é um novo alerta.

“A COP27 é uma oportunidade para que os líderes mundiais revitalizem a luta contra a mudança climática”, afirmou Stiell, que fez um apelo para que as nações “passem das negociações à aplicação e avancem nas profundas transformações que devem acontece em todos os setores diante da emergência climática”.

O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, publicado em 2021/22, advertiu sobre o pouco tempo que resta para assegurar um “futuro habitável” para a humanidade. Insistindo na necessidade de não permanecer de braços cruzados, os cientistas enfatizam que cada fração de grau de aquecimento evitado conta e pedem aos governos que se comprometam mais com a redução das emissões.

“O relatório sobre as NDC e o documento do IPCC são avisos úteis”, afirmou o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Chukri, que presidirá a COP27. “É indispensável aumentar as ambições e colocá-las em prática de maneira urgente para nos protegermos de impactos climáticos severos, de perdas e danos devastadores”, completou em um comunicado.

*Com informações da RFI.


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