Curta-metragem ‘Marcha à Ré’ é lançado pela produtora Tilt Rec

Cartaz oficial do curta-metragem 'Marcha À Ré'.
Cartaz oficial do curta-metragem 'Marcha À Ré'.

Dirigido por Beto Macedo e Tiago Berbare, sócios da produtora TILT REC, e roteiro de Flavio Vieira, o filme de 13 minutos, que venceu Melhor Roteiro no GO Film Festival (Goiânia) e selecionado nos festivais Fantasmagoria Medellín, Tietê International Film Awards (São Paulo), Festival Boitatá (Paraná), All The Movies (Brasil) e Sustefest Festival (México), o filme ‘Marcha à Ré’ aborda questões sociais por um viés nada comum: o curta-metragem é um thriller psicológico que traz o tema da intolerância à tona.

“Marcha a Ré” conta a história de Eduardo. Em uma noite, ao entrar em sua garagem, acaba ficando preso e tendo alucinações que só são vistas através da câmera de marcha à ré de seu carro de luxo. O protagonista é então confrontado com tudo que ele mais odeia e teme na vida: negros, indígenas, mulheres e pobres. A cada momento, estes personagens surgem para trazer a realidade do mundo para o interior da mente doentia do motorista. Com elementos de filme de terror, na história, o portão automático, que teima em não funcionar, leva Eduardo a perder a cabeça.

Para Beto Macedo, a garagem retratada no curta é o cenário perfeito para criar uma espécie de mito da caverna e mostrar a visão distorcida de quem vive preso nesse emaranhado caótico e perverso de preconceito e violência. “Um jeito de ilustrar a maneira como algumas pessoas enxergam o mundo por uma janela muito pequena e individualizada”, complementa.

“O curta fala sobre como a sociedade – e nós – podemos ser reféns de nossos próprios medos. Acho que tem muito do controle pelo medo, medos impostos, sem fundamentação”, declara Tiago Berbare.

Para o roteirista Flavio Vieira, “Marcha à Ré” é um filme de personagem que tem um lado político bem definido e mostra um homem atormentado pelos próprios medos e preconceitos. “Tudo que o personagem vê é uma projeção distorcida da realidade que ele mesmo alimenta com seu ódio e indiferença. E essa atitude nos trouxe também o nome do filme: ‘Marcha à ré’. Marcha à ré nos costumes, na educação e nos direitos das pessoas. Um blecaute total no campo progressista e humano”, explica.

No elenco estão Diego Machado, Humberto Morais, Stefani Mota, Nyek Freitas, Samya Enes e Ana Elisa Mello.

Garagem foi inspiração

Com a previsão de continuar participando de seleções em festivais de cinema nos próximos meses, “Marcha a Ré” nasceu da vontade de o trio explorar novas possibilidades com a câmera. A filmagem foi feita em duas noites na garagem da produtora, espaço que sempre serviu de inspiração para o trio. É aí que surge o ponto de partida para o desenvolvimento da história que chega agora às telas. “Encaixava perfeitamente no roteiro e ainda rolou uma economia. Nós três sempre piramos naquele portão que dá direto pra avenida e sempre quisemos fazer algo lá. Pra isso, contamos com muitas pessoas, profissionais do audiovisual, que embarcaram nessa conosco e que fizeram acontecer”, comenta o diretor.

Acostumados a trabalhar com documentários, clipes e publicidade, a produção de “Marcha a Ré” inaugura uma nova fase na carreira dos profissionais. Este é o primeiro filme de ficção da TILT REC. A produtora atua no mercado publicitário há mais de sete anos criando filmes para grandes marcas e as principais agências do país e desenvolve projetos musicais, documentários e filmes de impacto social. Entre os trabalhos de maior destaque estão “Não Existe Amor SP” e “Cais”, projeto musical e social de Criolo e Milton Nascimento, o videoclipe “Malícia”, de Rincon Sapiência, os premiados documentários “Street River, primeira galeria de arte fluvial da Amazônia” e “Regência Augusta”, filme sobre o crime ambiental de Brumadinho (MG). Na área do entretenimento, filmaram recentemente a quinta temporada do reality #CarnavalDaSabrina para o GNT.

“A inspiração veio da vontade de experimentar ficção, um universo e um tempo que são diferentes do nosso dia a dia. A possibilidade de experimentar, de se arriscar, foi a maior inspiração e um baita aprendizado. Na prática, a teoria é outra”, afirma Berbare.

“A gente propõe é uma reflexão sobre a distorção da realidade. Sobre o que é verdade e mentira. Sobre o medo fabricado e a capacidade que a gente têm de construir fantasmas, personificar eles no outro e perseguir essas figuras que não existem. O agressor, muitas vezes, é alguém reprimido e desconectado da realidade”, explica Beto.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.